Como Israel pode responder ao ataque com mísseis do Irã?


O Oriente Médio está se aproximando cada vez mais de uma guerra regional ampla, já que Israel prometeu responder ao ataque com mísseis balísticos do Irã disparados contra o país na noite de terça-feira (1°).

“O Irã cometeu um grande erro esta noite — e vai pagar por isso“, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, horas após o ataque.

O Irã lançou cerca de 200 mísseis balísticos contra alvos militares israelenses, seu maior ataque desse tipo.

A liderança do Irã afirmou que o ataque foi planejado como um aviso a Israel para não entrar em guerra direta, e qualquer resposta israelense à barragem seria recebida com golpes “mais fortes e dolorosos”.

A escalada ocorreu cerca de 24 horas após Israel lançar operações terrestres no Líbano contra o Hezbollah, um poderoso grupo apoiado pelo Irã, e dias após Israel matar o líder do grupo, Hassan Nasrallah, em um ataque a Beirute.

O que pode acontecer a seguir?

O Irã classificou seu ataque como uma resposta calibrada às repetidas escaladas de Israel.

O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã disse que os ataques se concentraram em alvos militares e de segurança israelenses e foram em resposta ao assassinato de Nasrallah e outros comandantes por Israel, incluindo o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, na capital iraniana, Teerã, em julho.

Um grande medo para diplomatas dos Estados Unidos e árabes é a possibilidade de Israel atacar dentro do Irã, potencialmente contra suas instalações nucleares. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett pediu que Israel retaliasse destruindo seu programa nuclear.

Mas o Irã deixou claro que qualquer resposta de Israel resultará em uma escalada ainda maior. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que a operação de terça-feira era “apenas uma parte do nosso poder”.

Israel provavelmente está de olho nas instalações nucleares do Irã, enquanto avalia a resposta ao ataque de mísseis, de acordo com Malcolm Davis, analista sênior de estratégia de defesa do Australian Strategic Policy Institute.

“Da perspectiva de Israel, não pode permitir que o Irã obtenha armas nucleares. Certamente haveria forte pressão dentro do gabinete de Netanyahu para atacar essas instalações nucleares e essencialmente atrasar o programa de armas nucleares iraniano, potencialmente por anos”, avaliou Davis a Becky Anderson, da CNN.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que Israel não deveria mirar nas bases nucleares do Irã.

Em vez disso, Biden espera que Israel adote uma abordagem comedida que possa defender seu direito de revidar, evitando ações que possam levar a mais retaliações e levar a região a uma guerra em grande escala.

Além disso, o próprio Hezbollah também continua sendo um adversário perigoso para Israel, com um arsenal de ativos militares que poderia trazer à tona.

No entanto, Salam Vakil, diretor do programa do Oriente Médio e Norte da África na Chatham House, acredita que o Irã provavelmente espera que “haja alguma contenção”.

“O Irã está tentando traçar algumas linhas vermelhas, sabendo muito bem que está em uma posição defensiva, que o Hezbollah está comprometido e que não tem as capacidades convencionais tradicionais para lutar contra Israel”, pontuou ele a Anderson, da CNN.

FOTOS: Veja imagens de mísseis iranianos

Envolvimento dos EUA

Os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel e maior fornecedor de armas, dizem que coordenarão com Israel sua resposta ao ataque. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, prometeu que haverá consequências.

Os contratorpedeiros da Marinha dos EUA dispararam interceptadores contra os mísseis iranianos e, nas últimas semanas, os EUA moveram mais tropas e navios de guerra para a região.

Desde que a guerra de Israel em Gaza começou, as tropas americanas também têm sido alvo de ataques crescentes por grupos de procuradores apoiados pelo Irã.

Em janeiro, três soldados do Exército dos Estados Unidos foram mortos e mais de 30 militares ficaram feridos em um ataque de drones a um pequeno posto avançado dos EUA na Jordânia.

Durante esse período, os EUA permaneceram em conexão com Israel.

O secretário de Defesa Lloyd Austin disse que os Estados Unidos “nunca hesitarão” em proteger as forças e os interesses dos EUA no Oriente Médio, e que os EUA permanecem prontos e “posicionados” para defender suas próprias forças e Israel.

Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio

O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.

São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.

Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.

O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.

As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.

No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.

Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.

Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.

Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.

Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.

O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.



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