A concentração de gases de efeito estufa bateu recorde em 2023, segundo a Organização das Nações Unidas. O gás carbônico é responsável por cerca de 64% do efeito do aquecimento do clima.
Uma situação alarmante, segundo os especialistas. Eles afirmam que para frear essa situação é fundamental investir na transição energética com matriz limpa.
“Para que nós consigamos reduzir esse aquecimento global que está ocorrendo no planeta, a forma mais rápida e eficiente é fazendo o que nós chamamos de uma transição energética, onde nós buscamos substituir todos os derivados fósseis que emitem uma carga adicional de carbono na atmosfera por produtos que também vão emitir carbono. Mas esse carbono é um carbono que chamamos de renovável. Ele entra num ciclo de reuso”, explica José Magalhães, CEO da Honeywell para América Latina.
Essa transição pode substituir fontes como petróleo e carvão por energia solar, eólica e hídrica, beneficiando o meio ambiente.
“As empresas e os governos, eles têm que balancear esses investimentos e os retornos para que possa ser feito um avanço no sentido da transição energética ao mesmo tempo que não impacta o custo de vida das pessoas”, afirma José Magalhães.
Durante a COP29, a partir do dia 11 de novembro, no Azerbaijão, pontos específicos dessa transição e adaptação às mudanças climáticas serão discutidos.
O novo montante de recursos repassados de países ricos para nações em desenvolvimento é a indefinição que mais preocupa os especialistas. A meta atual de U$S 100 bilhões por ano entre 2020 e 2025 só foi cumprida parcialmente.
“Na COP29, a gente tem um papel importante no sentido de pensar que chegamos ao ponto de conseguirmos identificar os combustíveis fósseis como um dos responsáveis pela crise, pela emergência climática que vivemos. De que maneira agora a gente pode transitar de maneira justa?”, questiona Kátia Fenyves, especialista em mudanças climáticas do BID Brasil.
O Brasil se sobressai nesse setor com uma matriz energética 84% renovável, enquanto a média dos países do G20 é de 29%. O destaque no Brasil é a energia solar com uma produção que responde por 90% da nacional, perdendo apenas para China, Estados Unidos e Alemanha. Além disso, o país ainda tem as fontes eólica e hídrica.
“O Brasil tem um imenso potencial de tirar energia renovável dos oceanos. Tudo isso tem que se dar em uma escala muito maior, mas, por exemplo, energia eólica e solar, ela é muito mais barata economicamente falando. Custa 1/3 da eletricidade por combustíveis fósseis e ela emprega muito mais gente. Então, ela melhora a sociedade. Ela é econômica, portanto, no setor industrial, o custo de usar energia cai muito”, diz o cientista e climatologista Carlos Nobre.