O líder do partido governante da Coreia do Sul disse nesta sexta-feira (6), que o presidente Yoon Suk Yeoul precisa ser imediatamente suspenso do cargo para proteger o país de “grave perigo”, em meio a temores de uma nova lei marcial.
A mudança de opinião parece sinalizar apoio aos esforços da oposição para o impeachment do líder.
Han Dong-hoon, chefe do Partido do Poder Popular de Yoon, disse a repórteres nesta sexta-feira que ele recebeu “evidências confiáveis” de que o presidente havia ordenado a prisão de políticos importantes durante a curta lei marcial imposta na noite de terça-feira (3).
O gabinete presidencial negou posteriormente que qualquer ordem desse tipo tivesse sido dada, informou a agência de notícias Yonhap.
“À luz desses novos fatos emergentes, concluí que é necessário suspender os poderes do presidente Yoon Suk Yeol prontamente para proteger a Coreia do Sul e seu povo”, afirmou.
A declaração aumenta a pressão crescente sobre Yoon antes de uma votação de impeachment iminente no parlamento.
“Se o presidente Yoon continuar no poder, há um risco significativo de que ações extremas como esta declaração de lei marcial possam ser repetidas, colocando a Coreia do Sul e seus cidadãos em grave perigo”, Han acrescentou.
O decreto de lei marcial de Yoon, que durou apenas algumas horas antes de ser derrubado pelos legisladores, foi repercutido em todo o país, com manifestantes e figuras da oposição exigindo o impeachment do presidente.
Os comentários de Han nesta sexta-feira são um sinal de que Yoon pode estar perdendo o apoio de seu próprio partido, que criticou a declaração de lei marcial, mas não expressou apoio direto ao impeachment.
Han havia prometido anteriormente trabalhar para impedir o impeachment presidencial para “evitar o caos despreparado e danos ao povo”.
Em entrevista à CNN na quinta-feira (5), ele criticou o principal partido da oposição por seguir em frente com os esforços para o impeachment do presidente, acusando o Partido Democrata liberal de “priorizar seus interesses políticos sobre os danos potenciais e a instabilidade que poderia trazer ao povo”.
Han, que criticou o presidente pelo decreto inesperado, disse que se encontrou com Yoon na quarta-feira (4) e lhe disse que o que aconteceu na terça-feira “deixou uma grande cicatriz na Coreia e em nosso partido”.
Alguns legisladores sul-coreanos estão acampados no prédio do parlamento desde terça-feira em meio a temores de que Yoon possa declarar lei marcial novamente, após mergulhar o país na instabilidade por sua declaração.
Yoon enfrenta pedidos para renunciar enquanto os legisladores debatem o avanço de uma moção para impeachment do presidente, com uma votação esperada no sábado (7).
De acordo com a constituição sul-coreana, uma moção de impeachment deve ser aprovada por dois terços da legislatura de 300 pessoas para passar para consideração em uma das cortes mais altas do país, a Corte Constitucional.
O Partido Democrata, partidos menores de oposição e independentes têm um total de 192 assentos, o que significa que eles precisariam do apoio de pelo menos oito integrantes do partido de Yoon para aprovar a moção.
Temores de nova Lei Marcial
O grupo cívico de direitos humanos militares da Coreia do Sul afirmou nesta sexta-feira que circunstâncias suspeitas de uma segunda declaração de lei marcial foram detectadas.
O chefe do Centro de Direitos Humanos Militares da Coreia (CMHRK), Lim Tae-hoon, disse que várias unidades do exército receberam ordens de esperar por uma chamada de emergência para o dia seguinte à votação do impeachment do presidente Yoon Suk Yeol.
Mais tarde, o ministro da defesa em exercício da Coreia do Sul, Kim Seon-ho, pediu desculpas pelas preocupações causadas pela declaração de lei marcial do presidente Yoon Suk Yeol no início desta semana e disse que os relatos anteriores de outra declaração de lei marcial não eram verdadeiros.
Kim também disse em uma entrevista coletiva que não obedeceria a nenhuma ordem para implementar outra declaração de lei marcial.
Investigação
A polícia nacional da Coreia do Sul iniciou investigações sobre o presidente Yoon e Kim Yong-hyun, o ministro da defesa que supostamente encorajou a declaração de lei marcial e que renunciou desde então.
Promotores governamentais e militares também decidiram conduzir uma investigação conjunta sobre a decisão da lei marcial, de acordo com a emissora YTN.
Detalhes estavam surgindo lentamente sobre o caos que tomou conta de Seul na terça-feira à noite após a declaração surpresa de Yoon.
Kwak Jong-geun, o comandante especial de guerra, disse que desafiou uma ordem do então ministro da defesa Kim para arrastar os legisladores para fora do parlamento. Ele relata que, em vez disso, ordenou que suas tropas não entrassem na área onde os parlamentares estavam se reunindo.
“Eu sabia que seria desobediência, mas não ordenei essa missão. Eu disse a eles para não entrarem”, disse Kwak ao canal do YouTube de um legislador da oposição.
Kwak também afirmou que ordenou que suas tropas não carregassem munição real.
O índice de aprovação de Yoon caiu para uma nova baixa de 13%, de acordo com a última pesquisa Gallup Korea divulgada nesta sexta-feira.
Com informações da Reuters.