O corpo do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto a tiros no aeroporto de Guarulhos (SP) na última sexta-feira (8), foi enterrado no fim da manhã deste domingo (10) no Cemitério Parque Morumby, na zona sul da capital paulista.
Não houve velório, para evitar exposição dos familiares e amigos dele, e a cerimônia de sepultamento foi restrita.
Gritzbach tinha 38 anos e foi executado por volta das 16h de sexta-feira, na saída da área de desembarque do Terminal 2 do aeroporto de Guarulhos. Imagens que registraram o ataque mostram dois homens descendo de um carro preto e efetuando os disparos de fuzil.
O empresário possuía ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), e havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP). Além dele, o motorista de aplicativo Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, também foi atingido durante o ataque e morreu neste sábado (9).
Elo com o PCC
De acordo com apuração da CNN, Gritzbach passou a ser alvo de ameaças após a morte de dois membros do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, vulgo “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, vulgo “Sem Sangue”, em dezembro de 2021. Gritzbach teria sido jurado de morte pelo PCC por conta dos assassinatos.
O empresário — que trabalhava no ramo imobiliário e em operações de criptomoedas — conheceu “Cara Preta” em meados de 2018 e começou a realizar investimentos para ele.
Fontes ligadas às investigações revelam que foram feitas transações milionárias com o dinheiro de origem duvidosa. Com o tempo, porém, “Cara Preta”, que era responsável pela movimentação de valores milionários, passou a suspeitar de desfalques e iniciou uma escalada de cobranças, exigindo que Gritzbach “prestasse contas dos lucros obtidos”, segundo documentos da investigação.
Conforme as suspeitas se intensificaram, “Cara Preta” se convenceu de que estava sendo enganado e teria então exigido a devolução integral dos valores. Como não tinha como devolver, Gritzbach teria encomendado a morte do membro influente da organização criminosa, segundo investigação da Polícia Civil.
Delação
Gritzbach havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ele apontava movimentações financeiras de “Cara Preta” e indicava a lista de imóveis que ele possuía, em nome de laranjas, em diversos prédios de alto padrão na capital paulista. Ele também apontou policiais militares e civis suspeitos de extorquir traficantes.
A Delegacia de Homicídios (DHHP), da Polícia Civil de São Paulo, investiga a hipótese de queima de arquivo, que pode ter partido de qualquer um dos inimigos do empresário, como motivação do crime.