Um grupo de advogados se uniu para fazer justiça por vítimas de intolerância religiosa e racismo em Campo Grande. Desde que foi criado, em novembro de 2024, o projeto já atuou em três casos nos quais o algoz das vítimas é o preconceito.
O projeto foi idealizado pelo Bàbálórìṣà Augusto de Lógunẹ̀dẹ, o pai Augusto, também presidente do Instituto Yalodê, que há 10 anos realiza ações assistenciais para comunidades carentes em Campo Grande. Os parceiros do projeto são os advogados: Aline Tolfo, Carlos Justino, Murilo Bluma, Pedro Dias e a vereadora Luiza Ribeiro.
Conforme Augusto, a iniciativa nasceu da necessidade de apoio jurídico a pessoas que são alvos de intolerância, mas, por medo ou desinformação, deixam de cobrar punição para quem desrespeitou sua liberdade de crença ou tom de pele.
“Existe muito preconceito e também ataques motivados por ódio religioso contra as religiões de matrizes africanas aqui na capital. A desinformação também é grande, e muitas vítimas se sentem intimidadas e até envergonhadas na hora de buscar seus direitos. É fundamental a orientação e profissionais dispostos a combater os crimes de racismo e intolerância religiosa. Infelizmente, ainda existem casos em que as delegacias se recusam a registrar o crime de intolerância religiosa e preferem classificá-lo como calúnia”.
Pai Augusto.
Como pai de santo na casa de Candomblé onde funciona o instituto, Augusto sempre sentiu o preconceito de perto. A violência contra sua crença já se manifestou por meio de comentários preconceituosos de vizinhos do instituto e até nas redes sociais. Falsas denúncias já levaram até a polícia ao centro.
Foi enquanto tentava denunciar esses ataques que Augusto teve a dimensão das inúmeras barreiras que as vítimas de intolerância ainda enfrentam quando buscam justiça.
Há um bom tempo, através de seu Instagram, com mais de 41 mil seguidores, pai Augusto tenta desmistificar os mitos e tabus contra as religiões de matriz africana. No final do ano passado, contudo, ele decidiu dar mais um passo na luta contra o preconceito e incentivar a criação do grupo.
Um dos casos atendidos pelo grupo é o de uma professora que foi vítima de discriminação dentro de uma escola. Detalhes sobre o caso não são divulgados para preservar a vítima.
É crime
Vale ressaltar que os crimes de intolerância religiosa e racismo preveem pena de multa e reclusão de até três anos para quem praticar, induzir ou incitar o preconceito ou discriminação de práticas religiosas ou por conta da cor da pele.
Como pedir ajuda
Para ter o apoio jurídico dos advogados que integram o grupo idealizado pelo Instituto Yalodê, basta entrar em contato com Augusto através do telefone (67) 98473-5214 ou pelo Instagram: @paiaugusto e @institutoyalode. O Instituto Yalodê fica no templo Ilé Àṣẹ Lógunẹ̀dẹ Ifàyá Ti Omi Ọ̀ṣun – Axé Chão de Ouro, na Rua Iporã, 470 – Jardim Jacy.