Uma comitiva de 40 dias está cruzando o Pantanal para levar 1.341 bezerras da raça brangus à Fazenda Nossa Aparecida, no município de Corumbá, Mato Grosso do Sul. Segundo Pantaleão Flores, responsável pela operação, o objetivo é transformar os animais em matrizes na região do Paiaguás, famosa por sua criação bovina adaptada ao bioma pantaneiro.
“Essa comitiva aconteceu assim: as pessoas compraram a Fazenda Nossa Aparecida no Pantanal e decidiram levar parte do gado brangus, que é criado em Aquidauana, para lá. Gostaram do desenvolvimento dos animais e resolveram expandir”, explica Flores.
No total, serão transportadas fêmeas com idades entre 12 e 20 meses, desmamadas e recriadas especificamente para a jornada.
Devido às condições do terreno, repleto de areia e sem estradas acessíveis para caminhões, o transporte só é possível por comitiva.
Através desse método tradicional, uma equipe de sete pessoas – incluindo ponteiro, cozinheiro, capataz e quatro peões – conduz o gado.
A rota inclui fazendas como Pimenteira, Água Viva, Arinos e Santa Cruz, onde descansam antes de seguir viagem.
“Hoje eles estão na Fazenda Pimenteira e amanhã seguem para a Água Viva. Vou encontrá-los no dia 27, no Corixão. Embora pareça muito tempo, para a gente que está acostumado, 40 dias é rápido. Antigamente, comitivas levavam de 90 a 120 dias”, relata Flores.
A logística da comitiva é planejada para garantir a segurança dos animais e da equipe. Cada parada é organizada para oferecer água, alimento e descanso aos animais, além de permitir que os peões recuperem as energias para o próximo trecho.
A travessia também reforça a conexão entre a tradição pantaneira e a modernidade. Enquanto as rodovias e o transporte rodoviário ganharam espaço ao longo dos anos, em áreas remotas como o Pantanal, o método tradicional de condução do gado ainda é a única alternativa viável.
Os desafios da rota incluem travessias de rios, mosquitos e o calor intenso, mas também revelam a beleza do Pantanal em sua forma mais autêntica.
Durante a jornada, é comum avistar animais selvagens, como tuiuiús, jacarés e capivaras, que convivem harmonicamente com os humanos nessa região preservada.
A comitiva não é apenas um meio de transporte, mas também uma experiência cultural que preserva tradições pantaneiras, representando um elo entre a pecuária moderna e o modo de vida dos antigos tropeiros.