Vladimir Putin alertou que o interesse dos Estados Unidos pela anexação da Groenlândia é sério e não apenas uma extravagância de Donald Trump. O líder russo fez essa declaração durante um fórum sobre o Ártico, onde comentou os interesses americanos no território.
A possível anexação da Groenlândia pelos Estados Unidos tem implicações geopolíticas significativas, diz o analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna no CNN Prime Time desta quinta-feira (27). Com o aquecimento global, as áreas marítimas ao redor da região estão se descongelando, criando novas oportunidades de navegação e acesso a recursos naturais.
Importância estratégica da Groenlândia
Sant’Anna explicou qual a importância da Groenlândia. Segundo ele, o território possui uma localização estratégica crucial e os Estados Unidos já mantêm uma presença militar na ilha, com a base aérea de Thule. Esta base serve como ponto de contenção contra potenciais ameaças de mísseis hipersônicos capazes de atingir os EUA pelo norte. Toda a hipótese de ameaças de mísseis dos EUA é pelo Sul.
Além da importância militar, a região é rica em recursos naturais. Com o degelo causado pelo aquecimento global, depósitos de minérios de terras raras, petróleo e gás se tornam mais acessíveis. Esses recursos são essenciais para a produção de tecnologias avançadas, incluindo baterias de lítio, carros elétricos e armamentos.
Sant’Anna também ressalta que, além dessas questões, Trump quer deixar um legado e quer entrar para a história como um dos poucos presidentes dos Estados Unidos que expandiram o território americano. “O grande ídolo dele é o William McKinley, que conquistou o Havaí, as Filipinas até o final da Segunda Guerra Mundial e também exerceu influência sobre Cuba”, diz.
Sant’Anna também disse que Putin fica confortável com a declaração de Trump sobre a Groenlândia. “Primeiro porque hoje eles são parceiros. A imprensa russa está dizendo que hoje EUA e Rússia têm uma visão bastante alinhada. E segundo porque isso normaliza as anexações que Putin está querendo fazer na Ucrânia, por exemplo. Pretensões expansionistas passam a ser normalizadas. A China também gosta muito dessa tese porque quer ficar com Taiwan.”