O ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, em entrevista ao WW, abordou a questão da truculência policial e a necessidade de aprimorar o profissionalismo das forças de segurança no país.
Silva Filho argumentou que os recentes casos de violência policial em São Paulo, amplamente divulgados pela mídia, não representam necessariamente um problema generalizado na corporação paulista. “Essas imagens dão a impressão que São Paulo, com três casos sucessivos de descalabros de ações individuais, que isso pode estar contaminando todo o conjunto de uma polícia que tem pelo menos umas 10 milhões de atuações por ano”, explicou.
O especialista ressaltou que a polícia de São Paulo prende cerca de 160 mil pessoas anualmente, e que se a corporação fosse tão despreparada quanto as imagens sugerem, “ia ser uma tragédia absoluta”. No entanto, ele reconheceu que há problemas que precisam ser corrigidos.
Violência policial além de São Paulo
Silva Filho chamou a atenção para a situação em outros estados brasileiros, onde a violência policial é proporcionalmente mais grave. Ele citou exemplos como o Amapá, a Bahia e Sergipe, onde, se aplicada a proporção populacional de São Paulo, o número de mortes por ação policial seria muito maior.
“Se for aplicar a população de São Paulo no Amapá, as mortes policiais seriam 10 mil por ano. Imaginou São Paulo com 10 mil mortes? Teve 500”, comparou o ex-secretário.
O especialista enfatizou que o problema da violência policial é mais amplo do que aparenta, pois muitos casos não são filmados ou não ganham repercussão nacional.
“As polícias são no Brasil, de melhorar substancialmente sua capacidade de contenção da violência de maneira geral e também de melhorar o profissionalismo dos seus policiais”, afirmou.