O aumento das tarifas de importação dos Estados Unidos, previsto para entrar em vigor no dia 1º de agosto, poderá causar impactos bilionários na economia brasileira, com reflexos diretos no Centro-Oeste e em Mato Grosso.
O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com a estimativa, o impacto total no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode ser de R$ 19,2 bilhões, representando uma retração de 0,16% no crescimento do país.
Esse cenário também significaria a perda de 110 mil empregos e uma redução de R$ 52 bilhões nas exportações nacionais.
Reflexos no Centro-Oeste
No Centro-Oeste, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 1,9 bilhão, somando as perdas de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Somente Mato Grosso deve perder R$ 648 milhões, o que representa uma retração de 0,21% no PIB estadual — colocando o estado na décima posição entre os mais atingidos em volume financeiro.
Apesar do impacto absoluto, Mato Grosso é considerado um dos estados menos dependentes do mercado norte-americano. Apenas 1,5% das exportações mato-grossenses têm como destino os Estados Unidos, índice inferior apenas ao de Roraima (0,3%).
Estado mais impactados
Segundo a CNI, as perdas mais significativas devem se concentrar em estados com forte dependência das exportações para os EUA, como Ceará, Espírito Santo, Paraíba e São Paulo. No entanto, mesmo os estados com menor volume exportador para o mercado norte-americano não estão imunes ao efeito dominó do tarifaço.
Além de Mato Grosso, estados como Roraima, Distrito Federal, Piauí, Tocantins, Goiás e Rondônia, todos com baixa exposição ao comércio exterior com os EUA, também acumulam prejuízos estimados em R$ 1,87 bilhão.
A CNI alerta que o novo pacote tarifário pode desorganizar cadeias produtivas, encarecer produtos e reduzir a competitividade da indústria brasileira no mercado internacional.
📊 Impacto das medidas tarifárias dos EUA por estado
UF | Variação (%) | R$ (milhões) |
UF | Variação (%) | R$ (milhões) |
---|---|---|---|---|---|
São Paulo | -0,13 | R$ -4.466 |
Ceará | -0,08 | R$ -190 |
Rio Grande do Sul | -0,25 | R$ -1.917 |
Alagoas | -0,17 | R$ -171 |
Paraná | -0,27 | R$ -1.914 |
Distrito Federal | -0,05 | R$ -168 |
Santa Catarina | -0,31 | R$ -1.737 |
Rondônia | -0,20 | R$ -152 |
Minas Gerais | -0,15 | R$ -1.665 |
Maranhão | -0,09 | R$ -147 |
Amazonas | -0,67 | R$ -1.145 |
Paraíba | -0,10 | R$ -101 |
Pará | -0,28 | R$ -973 |
Tocantins | -0,10 | R$ -65 |
Rio de Janeiro | -0,07 | R$ -829 |
Rio Grande do Norte | -0,04 | R$ -40 |
Goiás | -0,23 | R$ -798 |
Amapá | -0,14 | R$ -36 |
Mato Grosso | -0,21 | R$ -648 |
Piauí | -0,04 | R$ -32 |
Espírito Santo | -0,25 | R$ -605 |
Acre | -0,11 | R$ -31 |
Mato Grosso do Sul | -0,29 | R$ -537 |
Sergipe | -0,05 | R$ -30 |
Bahia | -0,09 | R$ -404 |
Roraima | -0,06 | R$ -13 |
Pernambuco | -0,13 | R$ -377 |
📌 Fonte: DOMINGUES, E. P.; COSTA, J. P.; MAGALHÃES, A. S.
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