Exercício naval chinês no Mar da Tasmânia força Austrália a desviar voos

CNN Brasil


Exercícios navais chineses com armas na costa da Austrália forçaram dezenas de voos a serem desviados na segunda-feira (24). Segundo as autoridades locais, o alerta veio por meio de um piloto de avião comercial.

A demonstração de poder de fogo da Marinha do Exército de Libertação Popular (PLA) entre a Austrália e a Nova Zelândia gerou alarme em ambos os países nos últimos dias, à medida que uma imagem mais clara emerge de quanto aviso Pequim deu sobre os exercícios.

O primeiro aviso dos exercícios chineses no Mar da Tasmânia veio em uma transmissão de rádio em uma frequência de emergência monitorada por um avião da Virgin Australia na sexta-feira (21).

O piloto repassou as informações às autoridades de aviação australianas, que então emitiram um “alerta de perigo” por meio do controle de tráfego aéreo, disse o CEO da Airservices Australia, Rob Sharp, em uma audiência parlamentar.

O vice-CEO da Airservices Australia, Peter Curran, disse na audiência que pelo menos 49 aeronaves desviaram suas rotas de voo na sexta-feira para evitar os três navios de guerra chineses que conduziam o exercício.

Os governos da Nova Zelândia e da Austrália disseram que a China não emitiu um Aviso aos Aviadores (NOTAM) sobre os exercícios, que eles disseram ter ocorrido em duas rodadas no Mar da Tasmânia na sexta-feira e no sábado (24).

O NOTAM é responsável por avisar os aviadores sobre as mudanças no espaço aéreo e pode ser emitido até sete dias antes de eventos como os exercícios de tiro real, de acordo com autoridades dos Estados Unidos.

O Ministério da Defesa da China disse no domingo que os exercícios conduzidos em águas internacionais seguiam a lei internacional e não afetaram a segurança da aviação. O órgão também criticou a Austrália por “exagerar” os exercícios e fazer “acusações irracionais”.

Embora os exercícios tenham sido realizados em águas internacionais, Pequim poderia ter avisado a Austrália e a Nova Zelândia muito antes no interesse da segurança, afirmaram especialistas navais.

A analista de defesa Jennifer Parker, ex-oficial naval australiana, escreveu em um post de blog no domingo que os navios chineses não violaram a lei internacional e estavam dentro de seus direitos de conduzir os exercícios de tiro em mar aberto.

“Não é agressivo, é apenas o que navios de guerra fazem em alto mar”, escreveu Parker.

“Não há obrigação legal para navios de guerra estrangeiros notificarem nações costeiras a mais de 480 quilômetros de distância sobre atividades de tiro real em alto mar”, acrescentou.

Parker também disse que os navios chineses podem não ter seguido as melhores práticas, segundo as quais os exercícios de tiro real devem manter uma distância segura das rotas de voo comercial.

“Indícios de desvios de voo sugerem que os navios de guerra chineses podem ter estado muito perto de rotas de trânsito aéreo civil. Se for esse o caso, representa uma prática ruim que justifica discussão diplomática”, escreveu.

O analista Carl Schuster, ex-capitão da Marinha dos EUA, foi mais direto.

“Forçar aeronaves a desviar de suas rotas reconhecidas internacionalmente é considerado inseguro e irresponsável”, afirmou o ex-capitão.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse no sábado que, embora os exercícios da China estivessem seguindo a lei internacional, Pequim “poderia ter dado mais avisos”.

Judith Collins, a ministra da defesa da Nova Zelândia, disse que o aviso da China deveria ter vindo horas antes.

“Houve um aviso para voos da aviação civil, que foi basicamente um aviso muito curto, algumas horas, ao contrário do que consideraríamos a melhor prática, que é um aviso de 12 a 24 horas, para que as aeronaves não precisem ser desviadas quando estiverem voando”, disse à emissora pública Radio New Zealand (RNZ).



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