Aniversário de nascimento, de casamento, de falecimento e algumas outras datas específicas trazem diferentes sentimentos, como alegria, tristeza ou raiva para grande parte dos seres humanos, mas não há época que mexa mais nas emoções do que as festas de fim de ano. Aqui aparecem sentimentos de alegria, motivação e esperança ou sentimentos contrários como tristeza e desesperança em dias melhores.
Por isso, a preocupação das políticas de saúde mental se intensificam nesta data, quando aumentam os episódios depressivos e as tentativas de suicídio. Não apenas emergem novos sofrimentos mentais como há um agravamento daqueles já existentes.
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O Natal é uma época que nos remete à infância, geralmente quando éramos uma família constituída de pai, mãe e irmãos, que, no decorrer dos anos, fomos perdendo membros, que estabeleceram suas próprias famílias, ou distanciaram-se de nós por desavenças ou outros motivos, ou por que morreram. A época natalina pode nos remeter a uma infância difícil, por termos sido órfãos de pai ou de mãe ou de ambos, sem irmãos ou desencontrados destes. Pode ter sido uma infância abastada ou um período muito pobre de nossas vidas.
Seja qual for o motivo, o Natal é um momento de revivência, uma emoção do presente que nos remete a uma alegria ou tristeza do passado. Às vezes queremos viver momentos parecidos com aqueles ou totalmente diferentes deles. A sociedade, porém tenta nos fazer gozar apenas a alegria dessa época, com confraternizações e trocas de presentes, aliás a parte comercial do momento natalino.
O período pré-natalino já é gerador de estresse. Precisamos organizar a casa, montar a árvore, preparar a ceia, receber pessoas ou ser recebidos, comprar presentes, escolher o que dar ao amigo oculto, preparar a viagem para comemorar junto aos parentes, ou a viagem de férias para fugir disso tudo.
Os gastos financeiros também são uma grande preocupação, principalmente para aqueles que não estão com as contas em dia e que se sentem obrigados a manter uma tradição de gastos com ceias e presentes. Pessoas que vivem sozinhas tendem a experimentar maior tristeza nesta época, quando tomam conhecimento de diversas celebrações familiares, o que pode aumentar a sensação de solidão, principalmente porque é um período de recesso e férias trabalhistas, com mudança das rotinas diárias e maior tempo sozinho em casa.
Mas há o lado positivo, quando reunimos e nos conectamos mais com os amigos; uma época para desenvolvermos a empatia e o altruísmo. É o momento mais dedicado aos planos para o novo ano que está chegando, quando o enchemos de expectativas positivas, mesmo que saibamos que talvez não as concretizemos e que devemos estar preparados para conseguir ou não nossos intentos.
Precisamos compreender – e isso é crucial – que as festas de fim de ano não são iguais para todos, uns experimentam alegria, outros tristeza, de acordo com sua própria história de um passado distante ou próximo. Precisamos respeitar isso e muitas vezes basta que empaticamente nos posicionemos ao lado dessa pessoa, que possamos nos dispor a escutá-la e não julgá-la por suas lamentações ou lágrimas derramadas. Isso pode tirar o peso da época para aqueles que a acham pesada.
A lembrança da infância, a perda de um ente querido, as separações conjugais, a solidão, as doenças graves, as dificuldades financeiras são alguns dos motivos de maior tristeza nessa época do ano. Algumas pessoas têm seu sofrimento agravado quando tomam conhecimento de grandes festas expostas nas redes sociais, muitas vezes nem tão grandes quanto parecem.
Seria importante fazermos das festas natalinas grandes momentos de reflexão do que ficou para trás e do que pode vir pela frente. Se a saúde mental está sob risco, com surgimento ou piora de sintomas psíquicos, há necessidade de procurar ajuda profissional de um psiquiatra, pois assim diminui-se o risco de agravamento das diversas enfermidades da mente e de maiores perigos direcionados à vida.
De qualquer forma, é preciso lembrar que Natal é nascimento e que nascemos, assim como Jesus, todos os dias, e comemoramos a glória da vida no dia 25 de dezembro de cada ano. Então vale a pena receber e desejar “Um Feliz Natal e Próspero Ano Novo” e celebrar a glória da vida que a nós foi concedida.