O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), criticou medida do grupo Carrefour de vetar que lojas da rede comprem carne de países que compõem o Mercosul, bloco formando pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Para o tucano, situações como esta beiram o “absurdo” e precisam ser combatidas.
“Estava acompanhando a discussão agora do Carrefour inibindo e proibindo a compra de carne do Mercosul e é esse tipo de coisa que a gente quer combater, esses absurdos comerciais que transportam para essa relação algo negativo”.
Eduardo Riedel, governador de MS
O chefe do Executivo teceu a crítica em vídeo gravado durante a apresentação de um convênio firmado entre o Estado e uma organização, com enfoque justamente em pesquisa de desenvolvimento que vai levar representantes do governo para outros países.
-
Pecuaristas se posicionam sobre suspensão do Carrefour de compra de carne do Mercosul
Na última quarta-feira (20), o CEO do grupo Carrefour, Alexandre Bompard, publicou em rede social mensagem informando que a gigante francesa assume “o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”. Embora curta e sem mais detalhes, a nota causou alvoroço.
Tanto que organizações ligadas ao agronegócio também se manifestaram. Para Ricardo Santim, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a manifestação não condiz com a realidade.
“Nem com a relação que o Brasil tem com a França e com a empresa, que é uma empresa que produz aqui no Brasil, gera emprego e venda, mas que a sua manifestação está totalmente equivocada. O Brasil sempre atingiu todos os estandares da Europa, ele tem uma sustentabilidade, uma que são invejáveis, a doer de que a gente sempre aumentou as exportações para a Europa”.
Ministério da Agricultura e Pecuária
Em nota, o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) rechaçou a medida e destacou “a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais”.
Reafirmou rigoroso sistema de Defesa Agropecuária da pasta, que garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo.
Assim, “mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países, atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive para a União Europeia que compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade e sanidade das carnes produzidas no Brasil há mais de 40 anos”.
ABIEC
Também por meio de nota, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) cravou que “tal posicionamento vai contra os princípios do livre mercado e é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras, reconhecidas mundialmente por qualidade e segurança”.
Destacou que o Brasil é líder global em exportação de carne bovina, com o maior rebanho comercial do mundo, produção sustentável e rigorosos controles sanitários que garantem qualidade para mais de 160 países.
Além disso, lembrou que nos últimos 30 anos a pecuária brasileira aumentou sua produtividade em 172%, reduzindo a área de pastagem em 16%, demonstrando compromisso com eficiência e sustentabilidade.
Novilho Precoce
O presidente da Novilho Precoce (Associação sul-mato-grossense de Produtores de Novilho Precoce), Rafael Gratão, falou em nome dos associados.
“É inaceitável que uma rede de supermercados dessa magnitude faça uma exposição tão injusta contra a carne do Mercosul”.
Rafael Gratão, presidente da Novilho Precoce
Frisou que o Brasil tem o Código Florestal mais rigoroso do mundo, onde os produtores rurais preservam entre 20% e até 80% de suas propriedades, dependendo da região. Além disso, nosso país mantém 60% de sua vegetação nativa intacta.
“Não faz sentido sermos punidos por uma rede francesa que claramente desconhece ou ignora os nossos esforços. Essa fala não passa de uma barreira comercial disfarçada de preocupação ambiental”.
Outro lado
Diante da repercussão das falas, a rede informou que quase 100% da comprada nas lojas francesas são produzidas no próprio país. Sendo assim, o impacto no Mercosul seria mínimo.