Uma comitiva do governo Lula desembarcou na China esta semana, em uma viagem que teve pouca divulgação e objetivos não totalmente esclarecidos.
A justificativa oficial é preparar a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, prevista para 20 de novembro, logo após a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
O grupo, liderado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, percorreu importantes cidades chinesas como Pequim, Xangai e Shenzhen.
A delegação incluiu figuras de peso como o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o assessor especial do presidente, Celso Amorim, e Gabriel Galípolo, atual diretor e futuro presidente do Banco Central.
Busca por investimentos e cooperação tecnológica
Durante a visita, o ministro Juscelino Filho se reuniu com representantes da rede social Kwai e da Galaxy Space, empresa de internet via satélite. Segundo ele, a Galaxy demonstrou interesse em realizar testes no Brasil e cooperar com transferência de tecnologia.
A comitiva também visitou a fábrica da BYD, montadora de carros elétricos que está implantando uma unidade em Camaçari, na Bahia. Rui Costa defendeu a aproximação com a China como forma de atrair mais empregos e investimentos para o Brasil.
Acordos financeiros e geopolítica
A viagem amplia a aproximação do Brasil com a China em um momento geopolítico delicado. O país asiático lidera um bloco com Rússia e Irã que busca fazer frente aos Estados Unidos na economia global.
O presidente Lula não esconde sua intenção de diminuir a dependência brasileira do dólar no comércio exterior. Nesse contexto, a presença de Gabriel Galípolo na comitiva sugere que possíveis parcerias no setor financeiro estão sendo discutidas.
A ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco dos Brics, cuja sede fica na China, também se encontrou com a delegação brasileira, reforçando os laços entre os dois países.
Esta viagem segue os passos da visita oficial de Lula à China em abril do ano passado, quando o presidente brasileiro foi recebido por Xi Jinping.
Na ocasião, Lula criticou instituições multilaterais e as políticas dos Estados Unidos e da União Europeia em relação à guerra na Ucrânia, sinalizando um alinhamento mais próximo com a visão chinesa sobre assuntos internacionais.