A atividade sísmica que atinge Santorini e outras ilhas gregas não acabou e o maior terremoto até agora pode estar por vir, alertou um sismólogo.
Rémy Bossu, Secretário-Geral do Centro Sismológico Europeu-Mediterrâneo, disse que “dias, ou talvez semanas” seriam necessários para avaliar os tremores incomuns, mas que a série de tremores normalmente ocorre na preparação para um tremor maior.
Um estado de emergência foi declarado na ilha grega de Santorini em meio a uma série de tremores quase constantes nos últimos dias, que quase esvaziaram a região turística de visitantes e moradores.
O maior tremor até agora foi registrado na quarta-feira (5), quando um terremoto com magnitude de 5,2 atingiu a ilha. Foi o primeiro a exceder os 5,0 desde que os tremores começaram na semana passada.
Situada perto da fronteira das enormes placas tectônicas africana e eurasiana, Santorini frequentemente experimenta atividade sísmica, mas raramente tão intensamente e por tanto tempo.
Assim como Santorini, as ilhas próximas de Amorgos e Ios também foram abaladas.
Bossu descreveu a atual atividade sísmica que atinge Santorini como “muito incomum”.
Normalmente, ele disse, “o que você observa é um grande terremoto seguido por tremores secundários que diminuem com o tempo em magnitude e frequência.
“Aqui, observamos um (fenômeno) muito diferente. Vemos que a magnitude tem aumentado com o tempo e a taxa também tem evoluido, então esse não é um comportamento típico”, ele afirmou à CNN.
Centenas de tremores, que atingiram Santorini a cada poucos minutos durante dias, tiveram uma magnitude de cerca de 3,0 e são considerados terremotos “leves”.
Com mais de 5,0, o terremoto de quarta-feira é considerado “moderado”. Ele foi seguido por pelo menos cinco terremotos com magnitude de 4,0 e acima, que são considerados “leves”.
De acordo com Bossu, esse comportamento normalmente equivale a uma atividade de “pré-choque” – atividade sísmica que ocorre antes do choque principal da sequência – o que significa que o maior terremoto ainda pode estar por vir.
“É por isso que as autoridades gregas estão tomando medidas de precaução”, disse ele, apontando para as retiradas organizadas e a preparação das forças de resgate.
À medida que os terremotos continuavam, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis fez uma breve visita à ilha na manhã desta sexta-feira (7) para inspecionar os preparativos de emergência.
“Quero garantir aos moradores de Santorini e das ilhas vizinhas que o mecanismo estatal está do lado deles”, ele afirmou.
“Esperamos que esse fenômeno termine rapidamente e que a ilha retorne totalmente ao seu ritmo normal”, acrescentou.
A Organização de Planejamento e Proteção contra Terremotos da Grécia estimou que a intensa atividade sísmica pode continuar por muitos mais dias, se não semanas.
Embora não esteja na alta temporada, a ilha de Santorini é um ponto turístico popular, atraindo mais de 3,4 milhões de turistas por ano. Também abriga cerca de 20.000 residentes permanentes.
Acredita-se que cerca de 11.000 pessoas tenham fugido da ilha até agora devido aos tremores. “Vamos embora porque estou com medo, há terremotos constantemente, temos que sair para as crianças, para que elas possam se acalmar”, disse Beni Ouklala, de 38 anos, que tem um trabalho temporário em Santorini, à Reuters.
O capitão do barco turístico Eftichis Diamantopoulos, de 63 anos, estava menos preocupado. “Por que deveríamos ir embora?”, ele questionou. “Se algo acontecer, acontece.”
As autoridades gregas organizaram voos adicionais para ajudar as pessoas a fugir para a segurança do continente, mas os esforços de retiradas foram complicados na quarta-feira, com as balsas não autorizadas deixando os portos devido aos ventos fortes. O serviço normal foi retomado na quinta-feira.
As sequências de terremotos não estão localizadas abaixo da ilha de Santorini, mas sim entre Santorini e outra ilha chamada Amorgos.
Eles estão ocorrendo cerca de 25 quilômetros a nordeste de Santorini e 20 quilômetros a sudoeste de Amorgos, de acordo com Bossu.
A essa distância, eles são sentidos em Santorini. “Claro, quando você tem um número tão grande de terremotos sentidos pela população, isso aumenta a ansiedade”, afirmou o sismólogo. “As pessoas na área estão muito preocupadas… E é lógico porque ninguém pode dizer como isso evolui.”
Ele acrescentou: “Temos que esperar pelo menos dias, ou talvez semanas, para avaliar como isso pode evoluir”.
A região sofreu um grande terremoto pela última vez em 1956, quando um tremor de magnitude 7,7 atingiu o sul da ilha de Amorgos, seguido minutos depois por um terremoto de magnitude 7,2 perto de Santorini.
Isso causou danos significativos a ambas as ilhas e também desencadeou um tsunami de 25 metros de altura. No total, 53 pessoas foram mortas durante esses eventos, e outras 100 ficaram feridas.
