Indígenas tomam ruas após serem alvos de racismo nas eleições em MS

Indígenas de 9 aldeias de Miranda saíram às ruas da cidade, nesta terça-feira (8), em protesto contra o racismo sofrido pela comunidade logo após as eleições. Os indígenas foram alvos de uma série de ofensas ditas por uma mulher em um grupo de WhatsApp. A mensagem viralizou e virou caso de polícia.

O áudio

Na mensagem, a mulher, que também se diz indígena, chama os conterrâneos de “bugrada sem vergonha e inútil” e afirma que eles deveriam ser “amarrados pelo pescoço e pendurados”.

No áudio de 1:41 minutos, a mulher ainda chama os indígenas de “lagartos”, insinua que eles deveriam comer “só ovo” e xinga os povos originários de Miranda.

“Eu tenho nojo, eu tenho nojo, eu tenho ódio, eu chego a ferver [de ódio] dessa bugrada sem vergonha”, afirma.

De acordo com os moradores alvos das ofensas, a mulher teria se revoltado após o candidato apoiado por ela nas eleições perder para outro político que tem o apoio da maioria dos indígenas da cidade.

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Indignada, ela decidiu se manifestar no grupo de mensagens. Após a repercussão negativa da mensagem, a mulher enviou outro áudio para a liderança de uma das aldeias da região, pedindo desculpas pelo que disse.

Na nova mensagem, a mulher admite que errou, diz que está sendo “ameaçada” e pede perdão pelo ocorrido; ela ainda afirma que estava “tomando cerveja” no momento em que enviou a mensagem e agiu no “calor da emoção”.

“Eu peço que a população indígena me perdoe, eu tô muito arrependida pelo que eu fiz”, diz.

O protesto

A concentração do protesto desta terça-feira (8) foi na Praça Agenor Carrilho. Do local, os indígenas saíram em passeata pelas ruas da cidade, com cartazes em mãos, pedindo Justiça. A manifestação teve a participação do Coordenador Regional da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) de Campo Grande, Elvisclei Polidório.

A manifestação seguiu até a delegacia de Polícia Civil de Miranda, onde os indígenas registraram um boletim contra a mulher e um outro homem que também teria agido de forma discriminatória contra os indígenas.

“Nós, lideranças, juntamente com os caciques e toda a comunidade indígena de Miranda, viemos aqui registrar um boletim de ocorrência e será aberto um inquérito para que essa senhora e esse outro cidadão possam responder pelos seus atos dentro da lei e da Justiça.

Elvisclei Polidório, Coordenador Regional da Funai.

De acordo com Elvisclei, a mulher será intimada para prestar depoimento, assim como os caciques das aldeias da região, que foram qualificados como testemunhas do caso.

O Coordenador Regional da Funai também orientou os indígenas a não manifestarem nenhum tipo de represália contra a mulher.

De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado como crime de racismo qualificado pelo meio de comunicação. Contudo, a investigação ficará a cargo da PF (Polícia Federal), por se tratar de uma questão indígena. Procurada pela reportagem, a Polícia Federal informou que ainda não foi notificada sobre a ocorrência.

O boletim de ocorrência deve ser direcionado à PF nos próximos dias.





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