O empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado pela Polícia Federal como um dos líderes do esquema de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Judiciário de Mato Grosso, foi transferido para um presídio federal em Brasília na semana passada. A informação foi confirmada pela Secretaria Estadual de Justiça de Mato Grosso (Sejus).
A transferência foi realizada pela Polícia Federal, a pedido da defesa de Andreson, como parte das medidas de segurança da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de corrupção envolvendo advogados, servidores e possíveis magistrados, responsáveis por manipular julgamentos e acessar informações sigilosas em troca de propina.
Venda de decisões judiciais
A investigação revelou que Andreson e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, lideravam uma rede de influência que envolvia servidores do STJ e advogados. Diálogos extraídos do celular de Zampieri indicam que o grupo negociava minutas de sentenças e facilitava decisões favoráveis a clientes em troca de pagamentos milionários.
Um dos casos citados no inquérito aponta que Andreson recebeu R$ 200 mil para influenciar um julgamento no STJ. Em um trecho das mensagens interceptadas, ele menciona um pagamento pendente para um servidor:
🔹 Andreson: “O Daimler me ligou agora perguntando dos R$ 50.000 que faltam daquele caso da Cátia lá.”
O esquema se estendia também ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), onde processos envolvendo grandes propriedades rurais eram manipulados em troca de propina.
Estratégia e divisão de funções
De acordo com a PF, Andreson atuava como um operador-chave no esquema, negociando diretamente com clientes e intermediadores para garantir decisões favoráveis. Os servidores do STJ e do TJMT repassavam minutas de julgamentos antes da publicação oficial, permitindo que envolvidos antecipassem estratégias jurídicas e lucrassem com informações privilegiadas.
A PF descreveu a estrutura como sofisticada, com divisão de tarefas entre advogados, servidores públicos e operadores financeiros. As movimentações bancárias suspeitas foram identificadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), reforçando os indícios de lavagem de dinheiro.
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