Invasão do Capitólio: relembre tumulto durante certificação presidencial nos EUA

CNN Brasil


Donald Trump será oficializado como o novo presidente dos Estados Unidos durante a sessão de certificação dos votos do Colégio Eleitoral no Congresso, neste dia 6 de janeiro.

Há quatro anos, esse mesmo processo para certificar a vitória do presidente eleito Joe Biden foi interrompido por apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio. Eles buscavam impedir que o rito fosse concluído e o democrata se tornasse oficialmente o vencedor da eleição de 2020, da qual venceu o republicano.

Durante a sessão conjunta da Câmara dos Representantes e o Senado dos EUA, centenas de apoiadores de Trump marcharam em direção ao prédio do Congresso. Eles furaram o bloqueio policial e invadiram o edifício.

No ataque, os agressores destruíram diversos objetos – muitos com significado histórico – e ameaçaram de morte os congressistas. Essa foi a primeira vez que isso aconteceu na história dos EUA.

Relembre o caso

Na manhã de 6 de janeiro de 2021, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump fez um discurso inflamado aos seus apoiadores no National Mall, onde repreendeu publicamente o então vice-presidente Mike Pence por não concordar com seu esquema de rejeitar os votos dos delegados recebidos por Joe Biden.

O democrata havia derrotado o republicano nas eleições presidenciais de 2020, mas Trump não reconheceu o resultado e afirma até hoje, sem provas, que houve fraude.

Antes mesmo do discurso acabar no National Mall, os apoiadores de Trump começaram a forçar as barreiras policiais e invadir o Capitólio, principal símbolo do poder político no país, na capital Washington. Eles atacaram policiais que faziam a segurança e ameaçavam enforcar Mike Pence.

Em meio ao caos, a sessão conjunta do Congresso que confirmaria a vitória de Biden foi interrompida. Parlamentares tiveram que sair às pressas por causa do alto risco de violência. Pence foi escoltado para um local seguro.

Enquanto isso, apoiadores de Trump destruíam os gabinetes dos parlamentares, incluindo o da presidente da Câmara na época, a democrata Nancy Pelosi.

A deputada do Wyoming, Liz Cheney, que foi vice-presidente do comitê que investigou o motim, disse que há um testemunho de que a filha do ex-presidente, Ivanka Trump, pediu ao pai que parasse com a violência. Entretanto, Trump esperou horas até fazer uma declaração pública para pedir o fim dos ataques.

Linha do Tempo dos acontecimentos

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Marco na história dos EUA

O professor Lucas de Souza Martins, da Universidade de Temple, explica que a invasão do Capitólio foi “uma tentativa de subverter os resultados de uma eleição presidencial legítima” e dessa forma, marcou a história dos Estados Unidos porque “abriu um precedente perigoso de contestação de pleitos eleitorais transparentes e instabilidade institucional”.

Ele acrescentou em entrevista à CNN que o episódio foi algo que os EUA não experimentavam efetivamente desde a Guerra Civil no século XIX — ocasião em que o país se dividiu em duas partes.

O analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna destacou que a única vez, antes de 2021, que o Capitólio havia sofrido um ataque foi no contexto da Guerra de Independência dos EUA, há mais de um século.

“Foi muito grave porque foi uma tentativa de insurreição popular para interromper um processo democrático”

afirma Sant’Anna

O analista, assim como o professor, explicou que a questão mais preocupante do caso foi que a invasão abriu um precedente das pessoas ultrapassarem certos limites morais que sustentam uma democracia.

Consequências da invasão

Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram durante ou logo após o tumulto, e mais de 140 policiais ficaram feridos.

O vandalismo no Capitólio provocou danos que excederam 2,8 milhões de dólares. Um dos alvos dos invasores foi o escritório de Nancy Pelosi, deputada democrata e presidente da Câmara na ocasião.

Os apoiadores de Trump vandalizaram documentos e tiraram foto do local de trabalho de Pelosi, deixando mensagens de que o grupo “não iria recuar”.

Condenações de invasores

De acordo com informações do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), mais de 1.488 pessoas foram acusadas criminalmente pela invasão.

“Aproximadamente 944 réus tiveram seus casos julgados e receberam sentenças por suas atividades criminosas em 6 de janeiro. Aproximadamente 562 foram sentenciados a períodos de prisão”, afirma a atualização mais recente do caso no DOJ.

Uma das figuras mais marcantes do caso foi o americano Jacob Chansley, o chamado “QAnon Shaman”. Ele ficou conhecido por fotos que o capturaram usando pintura facial e um cocar nas dependências do Congresso.

Chansley foi condenado a 41 meses de prisão por seu papel na invasão ao Capitólio.

Já Donald Trump se declarou inocente das acusações federais decorrentes de seus esforços para reverter a derrota nas eleições de 2020.

Esse processo, apresentado pelo procurador especial dos Estados Unidos, Jack Smith, foi arquivado em novembro de 2024. Smith disse que a posse de Trump como presidente “coloca em conflito dois interesses nacionais fundamentais e convincentes”.

O procurador afirmou que consultou advogados do Departamento de Justiça sobre a questão, e eles também avaliaram a possibilidade de suspender o caso até que Trump não tivesse mais a imunidade da presidência.

Especialistas jurídicos acreditam que Trump ainda poderia conceder o perdão presidencial a ele mesmo, garantindo que nenhum caso fosse aberto novamente.

O presidente eleito americano também afirmou que vai avaliar a possibilidade de conceder perdão presidencial aos invasores do Capitólio assim que assumir a Casa Branca novamente, em janeiro, e analisará “caso a caso”.

Com informações da Reuters e da CNN Internacional.

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