O terceiro domingo de novembro marca o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito, conhecido como “WDR, World Day of Remembrance”, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1995.
A data, marcada em 17 de novembro deste ano, é uma ferramenta de conscientização importante para a redução das estatísticas fatais no trânsito. A estimativa da ONU é que 1,19 milhão de pessoas perdem a vida anualmente em razão disso.
De acordo com a organização, mesmo que tenham sido registrados progressos na diminuição de mortes no trânsito, os países ainda estão longe de cumprir a meta de queda de casos fatais pela metade até 2030. Pedestres, ciclistas, condutores de veículos motorizados de duas a três rodas e seus passageiros representam mais de 50% das vidas perdidas nas estradas.
Exemplo
A cuiabana Janaína Almeida Rodrigues faz parte desta estatística. A jovem frentista morreu com 26 anos, após um automóvel bater de frente com a motocicleta que pilotava, na Avenida General Mello, em Cuiabá, a caminho do trabalho, em uma manhã de domingo, no dia 21 de junho de 2015. (Confira a reportagem no final da matéria).
Com o impacto, a vítima foi arremessada. Segundo a Polícia Militar, ela morreu na hora. Testemunhas contaram que o carro estava em alta velocidade, invadiu a pista contrária e atingiu Janaína. Mesmo depois de colidir com a moto, o carro ainda se locomoveu por mais de 60 metros até parar.
Aquele episódio mudou a vida dos familiares de Janaína para sempre. Cristiana Almeida Rodrigues, irmã da vítima, relembra como recebeu a notícia.
“Quando chegamos, falaram que tinham tirado ela [Janaína] de lá, mas eu achei que era só um acidente… e foi constatado que ela havia falecido, que era ela mesmo.”
Janaína era casada e deixou um filho que, na época, tinha três anos. Hoje, com 12, Luan Gustavo mora com a avó. “Durante os três, quatro primeiros anos após a morte dela, minha mãe não podia ir ao banheiro e fechar a porta porque ele [o sobrinho] entrava em desespero, chorava, porque, para ele, minha mãe também iria embora e não voltaria mais. Ele não podia ficar comigo, com nenhuma das minhas irmãs, porque chorava muito, sem parar, até minha mãe aparecer nas vistas dele”, contou Cristiana.
O capitão Paulo César de Campos Júnior, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de Mato Grosso, reforça os principais causadores de acidentes no trânsito e pontua que as mortes podem ser evitadas. É preciso ter responsabilidade.
“É o excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos, bem como a embriaguez ao volante. Nós realizamos semanalmente pelo menos três Operações da Lei Seca em vários pontos distintos da cidade. Buscamos fiscalizar o condutor, verificar as suas condições, se ele está alcoolizado ou não e se possui capacidade para assumir a direção do veículo.”
Além da dor da perda da pessoa amada, a família da vítima ainda precisa enfrentar a busca por justiça. Quase 10 anos depois do ocorrido, Cristiane ainda procura respostas. “Nós gritamos e não somos ouvidos. São vidas tiradas no trânsito. São mães, pais, irmãs, filhos… são crianças como o meu sobrinho, que ficou órfão aos três anos de idade. Tiraram o bem mais precioso dele que é uma mãe.”
“Destruiu uma família, destruiu os sonhos de uma jovem de 26 anos que estava na luta diária de levar o sustento para o seu filho quando sua vida foi ceifada por um motorista que dirigia em alta velocidade, na contra mão, não dando nenhuma chance de defesa. Tirou a vida da minha irmã. Não sei o que dói mais porque hoje, meu sobrinho, que já é um rapazinho, faz perguntas sobre o que aconteceu, quem matou a mãe dele, e eu não tenho a resposta.”
Segundo um dos advogados que acompanham o caso, a família conseguiu indenizações por dano material e moral já deferidas em duas instâncias. Atualmente, um dos devedores, que seria o dono do veículo, busca subir um Recurso Especial para o STJ (Supremo Tribunal de Justiça).
Confira a reportagem exibida no MTTV 2º edição: