Sardinha no bico e cuidados especiais! É assim que os dois tuiuiús, que perderam o ninho no fogo do Pantanal, estão sendo tratados no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) em Campo Grande. Os filhotes, resgatados durante os incêndios no último fim de semana, estão mostrando muita resiliência em sua recuperação. Confira vídeos dos filhotes no centro:
As aves foram resgatadas na sexta-feira (18) por brigadistas do Alto Pantanal, do PrevFogo, e por médicos veterinários do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), na Serra do Amolar, região da Barra de São Lourenço, em Corumbá (MS).
Infelizmente, um dos filhotes não resistiu e morreu no local. Os dois irmãos, com cerca de três meses de vida, foram levados inicialmente à Fundação do Meio Ambiente do Pantanal, em Corumbá, e depois transferidos de carro para o CRAS, na capital de Mato Grosso do Sul.
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Cai tronco que abrigava ninho de tuiuiús em meio ao fogo
Ao chegarem ao centro, os tuiuiús passaram por exames no hospital veterinário e receberam alimentação adequada, com peixes, tal como ocorre na natureza.
Um dos filhotes está aparentemente saudável, mas o outro sofreu uma fratura exposta em uma das asas, um ferimento grave que pode levar à amputação do membro.
“A fratura está bastante contaminada e acredito que não conseguiremos salvar essa asa. Provavelmente teremos que fazer a amputação, mas estamos tratando com antibiótico, anti-inflamatório e analgesia, principalmente para aliviar a dor. Apesar da fratura, o filhote está se alimentando bem e permanece ativo”
Jornada Toqueto, médica veterinária do CRAS
O ferimento ocorreu durante a queda da árvore onde o ninho estava, após ser atingida pelo fogo. Um galho acabou atingindo o filhote.
“Quando a árvore caiu, dois filhotes conseguiram sair do ninho antes que ele atingisse o chão, mas o terceiro permaneceu e foi atingido pelo galho”, detalha Franciele Oliveira, médica veterinária do IHP.
Os dois filhotes permanecerão no CRAS por tempo indeterminado. Como foram resgatados de uma área afetada pelos incêndios, os veterinários estão atentos à saúde pulmonar das aves. Embora os exames iniciais não tenham detectado problemas, é necessário monitoramento constante.
“Quando um animal chega filhote, leva tempo até que desenvolva todas as características necessárias para voltar à natureza. Precisamos garantir que ele não crie vínculos com humanos, e esse é um dos desafios ao cuidar de animais jovens”, ressalta Aline Duarte, coordenadora do CRAS.
O objetivo do tratamento no centro é sempre a reabilitação e devolução dos animais à natureza, desde que eles apresentem condições de sobrevivência por conta própria.