Além de ser alvo de mandados judiciais no âmbito da Operação Sepulcro Caiado, o servidor envolvido no esquema que desviou R$ 21 milhões do Judiciário de Mato Grosso também responderá a procedimentos disciplinares no Tribunal de Justiça.
A informação é do próprio Judiciário, que assegura que não hesitará em “apurar a responsabilidade administrativa do servidor suspeito, em estrita observância aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório”.
Trata-se de Mauro Ferreira Filho, servidor acusado de manipular o sistema interno para dar validade a depósitos fictícios e, assim, viabilizar a emissão de alvarás judiciais utilizados para o saque dos valores.
Em resumo, o esquema envolvia a simulação de ações de cobrança na Justiça estadual. Segundo as investigações, o grupo protocolava processos e, sem o conhecimento dos réus, forjava comprovantes de quitação das dívidas por meio de depósitos judiciais falsificados.
Conforme apurado pela Polícia Civil, os desvios ocorreram antes de 2023, quando o TJMT implantou uma nova metodologia de controle das transferências internas. O Tribunal informou que, desde então, não há indícios de continuidade do esquema.
“O TJMT destaca que adota rigorosos mecanismos de controle e transparência, visando prevenir quaisquer tipos de inconformidades. Ressalta ainda que repudia veementemente qualquer prática que atente contra a integridade institucional e o interesse público”, acrescentou o Judiciário por meio de nota.
A operação foi deflagrada nesta quarta-feira (30) pela Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá. Foram cumpridas mais de 160 ordens judiciais, incluindo 11 mandados de prisão preventiva, 22 de busca e apreensão, 16 ordens de bloqueio judicial — totalizando mais de R$ 21,7 milhões — além de 46 quebras de sigilo fiscal e bancário, e o sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.
O outro lado
De acordo com nota enviada pelo advogado Renan F. Serra, que representa Augusto Volpato e Julia Maria Asckar Volpato, ambos afirmam desconhecer os fatos apurados e negam qualquer relação com o esquema investigado.
A defesa sustenta que Augusto era apenas sócio formal de uma empresa de fomento mercantil, sem exercer funções de gestão, e que Julia apenas recebeu valores do marido, dentro do contexto normal da vida conjugal.
“Ambos reafirmam sua total inocência e desconhecimento sobre as transações narradas e prestarão todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes para o esclarecimento da verdade”, diz a nota.
A defesa informou ainda que tomará as medidas jurídicas cabíveis para resguardar a honra e a dignidade dos dois.
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