Lula alfineta mercado na inauguração da maior fábrica de celulose do mundo


O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou da inauguração da maior fábrica de celulose em linha única do mundo, nesta quinta-feira (5), em Ribas do Rio Pardo (MS). Durante o discurso, Lula alfinetou o mercado diante da escalada do dólar nos últimos dias, falou sobre a economia e destacou a ligação que tem com o agronegócio brasileiro.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de inauguração do Projeto Cerrado – nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

🔎❗ Contexto: Lula veio a Mato Grosso do Sul para a inauguração de uma fábrica da Suzano, uma das líderes no ramo de celulose no mundo. A indústria começou a ser erguida em 2021. Denominado “Projeto Cerrado”, o empreendimento recebeu investimentos superiores a R$ 22 bilhões durante os processo de construção e em operações florestais. Com o fim das obras, espera-se que a indústria empregue 3 mil trabalhadores.

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Palanque de inauguração é usado para passar mensagens

Além de Lula, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e representantes da indústria estiveram no evento em Ribas do Rio Pardo, que parou a pequena cidade. No palanque, o presidente usou o microfone para mandar um recado ao mercado.

“Em 2010, entreguei a economia crescendo 7,5% ao ano e vou entregar novamente. Por isso, temos hoje a menor taxa de desemprego do país. Vamos entregar a economia crescendo, o povo consumindo, o mercado reclamando e as empresas fazendo investimentos concretos. De vez em quando, eu ouço dizer: ‘o agronegócio não gosta de você’. Podem não gostar de mim por outros motivos, mas, se for pelo dinheiro, nunca o agronegócio recebeu tanto quanto no meu governo”.

Presidente Lula

Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante cerimônia de inauguração do Projeto Cerrado - nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024 (Foto: Edmar Melo)
Ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante cerimônia de inauguração do Projeto Cerrado – nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024 (Foto: Edmar Melo)

A ministra Simone Tebet, sul-mato-grossense, expressou sua felicidade com a inauguração da indústria e também enviou uma mensagem ao “tal mercado”, como ela mesma disse:

“Não posso acreditar que, num governo bem avaliado como esse, o tal do mercado avalie em 90% seu governo como ruim. Isso não é imparcialidade, é jogar contra o país. E quem joga contra quer afundar o país. […] O verdadeiro mercado é a agricultura familiar, o pequeno e médio produtor, a pecuária, o comerciante, o servidor, essa iniciativa privada que investe no Brasil”.

Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento.

Lula finalizou sua fala destacando a avaliação de seu terceiro mandato: “Já ganhei 10%, porque antes eram 100% contra. O que me interessa é o resultado do tipo de jabuticaba que plantou. Não voltei à presidência porque precisava, mas para provar que um mecânico tem mais capacidade de governar o país do que aqueles com diploma, mas sem sensibilidade social.”

Inauguração

Diretor-presidente da Suzano, David Feffer, e presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se cumprimentam durante cerimônia de inauguração do Projeto Cerrado - nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024; à esquerda, aparecem a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; à direita, governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Diretor-presidente da Suzano, David Feffer, e presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se cumprimentam durante cerimônia de inauguração do Projeto Cerrado – nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024; à esquerda, aparecem a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; à direita, governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Simone Tebet também ressaltou a importância das obras e das tratativas políticas que possibilitaram a chegada da gigante da celulose a Mato Grosso do Sul. “Em 2009, trouxemos a primeira e maior fábrica de celulose do Brasil, hoje comprada pela Suzano. Agora, estamos inaugurando uma fábrica que vai revolucionar a história de Mato Grosso do Sul. Temos que mudar o nome do estado para ‘estado da celulose’, porque aqui é o vale mundial da celulose. Mais uma vez, saímos na frente.”

A inauguração da indústria já demonstra uma Ribas do Rio Pardo muito diferente da cidade pacata vista há cinco anos. No auge da construção, a obra da fábrica gerou 12 mil empregos diretos e indiretos. O município, que se envolve ao redor do empreendimento, viu transformações ao longo do tempo.

“Pode-se dizer que Ribas se tornou a capital nacional do eucalipto, não há outro lugar com tanto eucalipto. Ribas tem se transformado. A Suzano trouxe para nós, em maio de 2021, essa grande notícia, que está impactando e vai continuar impactando a vida dos cidadãos. Estamos recebendo pela primeira vez o presidente da República. Bem-vindo à capital nacional do eucalipto”.

João Alfredo Danieze (PT), prefeito de Ribas do Rio Pardo

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enfatizou a importância da diversificação da indústria e agropecuária: “O Brasil está crescendo. Hoje estamos inaugurando a maior fábrica em linha única de celulose do mundo, aqui em Ribas do Rio Pardo. Uma indústria moderna, eficiente, exportadora — tudo o que o Brasil precisa — que reutiliza água, gera bioenergia e é um exemplo de desenvolvimento sustentável.”

As ligações com a tecnologia e sustentabilidade também marcaram a fala do governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB).

“Estamos construindo uma das maiores forças econômicas deste estado, que é a cadeia produtiva da celulose. Uma indústria 4.0, limpa do ponto de vista de carbono, que vai ajudar Mato Grosso do Sul a se tornar carbono neutro até 2030. Temos muito o que mostrar aos europeus, americanos e asiáticos sobre nossa capacidade de industrializar dentro das nossas forças”.

Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul

A fábrica

Projeto Cerrado - nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Projeto Cerrado – nova fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS) em 5 de dezembro de 2024 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A maior fábrica de celulose em linha única do mundo entrou em operação no dia 21 de julho deste ano, resultado de um investimento de R$ 22,2 bilhões, o maior investimento da história de 100 anos da Suzano e um dos maiores investimentos privados do Brasil entre 2021 e 2024.

A nova fábrica tem capacidade instalada para produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, ampliando a capacidade de produção da Suzano para 13,5 milhões de toneladas anuais, um aumento de mais de 20%.

Responsável por gerar 3 mil postos de trabalho na região, entre diretos e indiretos em operações industriais, florestais e logísticas, a unidade também ampliou a produção da companhia em Mato Grosso do Sul. Com três fábricas em operação, a Suzano atinge 5,8 milhões de toneladas de celulose anuais.

Até o fim do ano, a nova fábrica deve produzir mais de 900 mil toneladas de celulose. Com esse volume, Mato Grosso do Sul, que já conta com outras três linhas em operação em Três Lagoas — duas delas da Suzano — deve atingir 5,9 milhões de toneladas até 2024.

“Toda energia que o polo industrial precisa produzimos com produção própria. Somos um exemplo concreto de economia sustentável e economia circular na prática. Tiramos mais carbono da atmosfera do que emitimos, sendo um exemplo sustentável. Hoje é um dia de alegria para os nossos colaboradores. Sabemos do impacto que estamos gerando no estado e no Brasil”.

Beto Abreu, diretor-presidente da Suzano.





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