A Polícia Civil de Mato Grosso informou, nesta segunda-feira (3), que já ultrapassa de 100 o número de denúncias de estudantes universitários de Cuiabá e Várzea Grande contra uma empresa de eventos.
Os alunos, de diversos cursos como medicina, direito e odontologia, acusam a empresa de golpe, após pagarem antecipadamente por suas festas de formatura e serem informados, dias antes dos eventos, que a empresa não cumpriria os contratos.
Prejuízo milionário e sonhos desfeitos
O golpe deixou um rastro de prejuízo financeiro e emocional para os formandos. Alana Gosch, estudante de medicina pela Unemat (Universidade Estadual de Mato Grosso) de Cáceres, a 220 km de Cuiabá, relata que a turma teve um prejuízo de R$ 307 mil, sem contar os gastos pessoais de cada aluno.
“É uma situação de completo descaso e desrespeito com todos nós”, desabafa Alana, que pagou mensalidades desde 2021 e não tem condições de arcar com os custos da festa novamente.
Eduarda Santana, estudante de odontologia em uma universidade particular de Várzea Grande, investiu cerca de R$ 46 mil junto com a irmã. “Estamos todos arrasados com a notícia”, lamenta Eduarda, que teve que lidar com o choque emocional além do prejuízo financeiro. “Foram 4 anos de espera para acontecer isso 15 dias antes da festa”, completa.
Empresa alega dificuldades financeiras
Em nota divulgada na última sexta-feira (31), a empresa de eventos alegou que está passando por dificuldades financeiras e, por isso, entrou com um pedido de recuperação judicial.
A empresa afirma que não pretende encerrar as atividades e que busca alternativas para cumprir os contratos ou ressarcir os clientes. No entanto, os estudantes afirmam que não receberam nenhum retorno da empresa sobre a possibilidade de remarcação dos eventos e que muitas turmas estão organizando vaquinhas online para tentar realizar as festas por conta própria.
Aos funcionários, o advogado da Imagem Serviços de Eventos LTDA, empresa responsável pelos eventos, informou que a decisão de entrar com pedido de recuperação judicial não foi tomada de forma irresponsável, e que a empresa vinha enfrentando dificuldades financeiras desde a pandemia da covid.
“A IMAGEM EVENTOS enfrenta um cenário financeiro extremamente delicado, decorrente de anos de dificuldades impostas ao setor de eventos, especialmente após a pandemia. Lutamos incansavelmente até o último instante para viabilizar a continuidade das atividades e garantir a realização de todos os eventos contratados, mas, diante dos desafios financeiros enfrentados e do grande número de pedidos de rescisão, não conseguimos seguir adiante“, diz trecho de documento.
Polícia Civil investiga o caso
O delegado Rogério da Silva Ferreira, responsável pelo caso, informou que tentou localizar os proprietários da empresa, mas não obteve sucesso. Nesta segunda-feira (3), por meio de nota a empresa divulgou queos proprietários precisaram deixar Cuiabá por estarem sofrendo ameaças de morte.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor de Cuiabá. A polícia estima que cerca de 50 turmas tenham sido prejudicadas pelo golpe.
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