A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou no final da tarde desta terça-feira (17) o afastamento do médico Ruy de Souza Gonçalves, de 67 anos, após denúncia de assédio sexual durante uma consulta médica nessa segunda-feira (16), na UPA do Pascoal Ramos em Cuiabá. O caso está sendo investigado pela Corregedoria do Município e o profissional responderá a um Processo Administrativo Disciplinar.
Esta não é a primeira polêmica envolvendo o médico. Em 2015, Ruy Gonçalves foi demitido da rede municipal de saúde por não cumprir a carga horária em 311 dias de trabalho.
Em 2017, ele invadiu o gabinete de uma juíza para tirar satisfações sobre um processo que havia perdido. Em 2023, foi demitido novamente, desta vez pelo Hospital Estadual Santa Casa, sob acusação de insubordinação.
“Diante da gravidade dos fatos e da reincidência de comportamentos inadequados, a secretaria Adjunta de Atenção Especializada e Vigilância em Saúde encaminhou nesta terça-feira (17) todos os documentos para o gabinete do secretário municipal de Saúde, para conhecimento dos fatos (processo de número 00000.0.077573/2024). A tramitação de toda a documentação será realizada pelo gabinete para a Corregedoria do Município nesta quarta-feira (18), que será responsável pela apuração completa dos fatos e adoção das providências legais cabíveis”.
O Conselho Regional de Medicina informou que está acompanhando o caso, que foi encaminhado ao Tribunal de Ética para apuração.
O médico chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado no final da tarde do mesmo dia, após audiência de custódia. A decisão foi proferida pelo juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, que concedeu liberdade provisória sem fiança, mas determinou medidas cautelares para o profissional.
O caso
A denúncia foi feita por uma paciente de 32 anos, que buscou atendimento na UPA devido a dores articulares e suspeita de dengue. Durante a consulta, o médico teria insistido em pedir beijos e sugerido conversas em particular. A vítima gravou parte do atendimento, registrando momentos em que o profissional fez os pedidos.
“Dá um beijo. Dá um beijo. Não, não, dá um beijo. Eu acho que isso não vai ajudar…” — diz o médico em um dos trechos do áudio.
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Abalada com a situação, a paciente deixou a sala de atendimento e acionou a coordenadora da unidade, que chamou a Polícia Militar. O médico foi preso em flagrante e conduzido à delegacia.
Em nota, Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) informou ter sido acionado por meio das notícias divulgadas e “o caso em questão foi enviado ao Tribunal de Ética para apuração”. O Conselho reforçou não passar informações sobre procedimentos administrativos em trâmite, em razão do sigilo previsto por lei.
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