A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Vereadores de Rondonópolis ouviu, nesta terça-feira (15), uma ex-diretora da Santa Casa que fez acusações graves contra médicos da unidade.
Segundo o depoimento, os profissionais formavam uma espécie de “máfia” dentro do hospital, impedindo a entrada de novos colegas sem sua autorização e controlando internamente escalas e decisões administrativas.
A ex-gestora também afirmou que havia uma prática recorrente de recusa no atendimento a pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS), sob a justificativa de que os valores pagos eram baixos. No entanto, os mesmos procedimentos acabavam sendo realizados de forma particular, com cobrança de valores superiores.
A denúncia foi feita durante uma das oitivas da CEI, instaurada no início de março para investigar a situação financeira da Santa Casa, cujas dívidas ultrapassam R$ 70 milhões, segundo apontam os parlamentares.
A criação da comissão foi aprovada por 18 dos 24 vereadores e inclui a solicitação de documentos contábeis, balanços patrimoniais e relatórios financeiros da instituição.
Na época da abertura da investigação, o vereador Ibrahim Zaher (MDB) afirmou que médicos e fornecedores estavam com pagamentos atrasados desde junho do ano anterior e destacou que, mesmo com o recebimento de emendas parlamentares, a gestão do hospital seguia apresentando falhas que precisavam ser apuradas.
Procurada novamente, a Santa Casa informou que não irá se manifestar sobre o conteúdo da oitiva. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) ainda não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
A comissão segue ouvindo ex-gestores, profissionais da saúde e demais envolvidos com a administração da unidade filantrópica. Ao fim dos trabalhos, um relatório será apresentado à Câmara com sugestões para garantir mais transparência e viabilidade financeira à entidade.