Morre aos 101 anos primeira mulher piloto agrícola do mundo

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A piloto uruguaia Mirta Vanni de Barbot, considerada a primeira mulher piloto agrícola do mundo, foi sepultada neste domingo (23) em Montevidéu, capital do Uruguai. Ela morreu no sábado (22), aos 101 anos.

Mirta conduzindo avião agrícola

Mirta iniciou sua trajetória na aviação agrícola em 1946, durante uma das maiores infestações de gafanhotos já registradas no sul da América do Sul. A crise motivou o governo uruguaio a usar aviões no combate aos insetos — ação que inspirou, no ano seguinte, o surgimento da aviação agrícola no Brasil. Por esse motivo, Mirta era conhecida como “La Última Langostera”, em referência aos pilotos que combatiam “langostas” (gafanhotos, em espanhol) naquela época.

Nascida em 3 de janeiro de 1924, na cidade de Carmelo, às margens do Rio da Prata, no departamento de Colonia, ela se apaixonou pela aviação ainda na infância, ao visitar com frequência o campo de aviação local. Aos 14 anos, após a morte do pai, mudou-se com a família para Montevidéu. Lá, conquistou, aos 16 anos, uma bolsa de estudos para formação de piloto amador voltada a enfermeiras — área em que já havia se formado, inclusive em curso específico para aviação.

Em 1943, Mirta se tornou a primeira mulher piloto profissional (Brevê Classe B) do Uruguai, além de ter concluído também o curso de mecânica aeronáutica.

Três anos depois, entrou oficialmente para a aviação agrícola, em uma carreira que a levaria à direção dos Serviços Aeronáuticos do Ministério da Agricultura e Pesca do país, em um período em que todo o serviço aeroagrícola era gerido pelo governo.

Missões internacionais e pioneirismo

Durante sua trajetória, Mirta representou o Uruguai em intercâmbios internacionais com países como os Estados Unidos e a Nova Zelândia, em busca de inovações em técnicas e equipamentos para o setor. Ela também pilotou aeronaves em missões de translado internacional, cruzando a Cordilheira dos Andes pela Rota do Pacífico — em uma época sem GPS — para levar ao país aviões adquiridos nos EUA.

Também liderou a equipe responsável por buscar 10 aeronaves Ipanema na fábrica da Embraer, em São Paulo. Ela mesma pilotou no trajeto de volta ao Uruguai.

Mirta comandou o setor por quase 40 anos e foi responsável por recrutar outras mulheres para atuar como pilotos, promovendo o protagonismo feminino na aviação do país. Nos anos 1950, conheceu em Montevidéu a brasileira Ada Rogato, ícone da aviação nacional e primeira mulher a voar agrícola no Brasil.

Espírito desbravador até o fim

Aos 71 anos, Mirta foi a primeira mulher a voar em uma aeronave de combate no Uruguai, pilotando um FAU-283 Dragonfly. E aos 80, comemorou o aniversário com um salto de paraquedas, mostrando que a paixão pela aviação e pela aventura a acompanhou por toda a vida.

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Em 2018, ela foi homenageada pelo Sindag e pelo Ibravag, em uma visita à sua casa em Montevidéu. Na ocasião, concedeu entrevista à revista Aviação Agrícola, relembrando sua trajetória pioneira.

Dois anos depois, em 2022, seu centenário foi celebrado com uma cerimônia no Aeroclube do Uruguai, com presença de autoridades e figuras importantes da aviação — justamente no local onde tudo começou.

Mirta Vanni deixa um legado histórico na aviação agrícola e na luta por espaço feminino na aviação. Seu nome seguirá voando alto na memória do setor e das mulheres que ela ajudou a inspirar.



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