MT já teve vulcões em atividade e resquícios são as fontes de águas termais: entenda

Já imaginou vulcões em Mato Grosso? Rochas analisadas em algumas cidades do estado revelam que existiram atividades vulcânicas, há milhões de anos, em cidades como Chapada dos Guimarães, Tangará da Serra e Poxoréu, a 259 de Cuiabá.

Para te explicar essa curiosidade, o Primeira Página conversou com a Flávia Santos, geóloga e professora da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso); assista abaixo:

Vulcões em Mato Grosso

Existem várias formas de surgir um vulcão. Uma delas é a partir do aquecimento do manto terrestre – camada intermediária da Terra, localizada entre a crosta e o núcleo, como explica a geóloga e professora da UFMT.

Com isso, é formado um ponto de calor na crosta, fazendo as rochas se fundirem e criando um líquido extremamente quente, que conhecemos como lava vulcânica.

Esse líquido quente formado pelo derretimento das rochas vai subindo pelas camadas da Terra, tentando extravasar, ou transbordar para fora da crosta, quebrando a superfície de rochas. É essa atividade que caracteriza um vulcão, como afirma Flávia Santos.

Mas, a geóloga explica que nem todos os vulcões são como os que normalmente já vimos, com o formato de morro. Alguns tipos são chamados de ‘fissurais’, que não formam esse morro.

No caso dos vulcões fissurais, a lava que sai da crosta se espalha por uma camada na terra, como um “cobertor”, segundo a geóloga.

Em Mato Grosso, os resquícios de vulcões encontrados por pesquisadores são nesse formato de fissura. Isso porque as atividades vulcânicas no estado teriam ocorrido há milhões de anos, o que fez com que as rochas fossem se desgastando ao longo do tempo, como explica Santos.

Dentre as cidades onde foram encontradas rochas vulcânicas em MT, estão:

• 📍Chapada dos Guimarães;
• 📍Tangará da Serra;
• 📍Poxoréu;
• 📍Juína.

No caso de Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, o tipo de rocha encontrada por geólogos é o basalto, de cor avermelhada e roxa. A atividade vulcânica na região teria iniciado há 80 milhões de anos e, atualmente, os sedimentos encontrados estão muito desgastados, em formato de solo e praticamente terrosos, segundo Flávia.

Na região de Tangará da Serra, análises de rochas mostraram que a atividade vulcânica teria iniciado há cerca de 200 milhões de anos.

Mas, como lembra Flávia Santos, esse assunto não deve gerar preocupação nos mato-grossenses, já que os vulcões encontrados no estado estão extintos. Ou seja, por ficarem adormecidos por muitos anos, não possuem mais nenhum aquecimento interno ou possibilidade de existência de lava.

E os paredões de Chapada?

Ao falarmos de vulcões em Mato Grosso, principalmente em Chapada dos Guimarães, você não deve se confundir! Sabe os grandiosos paredões chapadenses? Apesar de parecerem, eles não são resquícios de vulcões.

Como explicou a geóloga, na região de chapada, os materiais vulcânicos encontrados já passaram por erosão há milhões de anos.

Então, os paredões, chamados de escarpas, são de rocha sedimentar, não relacionadas com vulcões e feitos, principalmente, de arenitos.

Águas termais: outro tipo de vulcão

O vulcanismo secundário, outro tipo de atividade vulcânica, existe em regiões mato-grossenses como na Serra de São Vicente, Jaciara e Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá.

Eles funcionam de uma forma diferente, quando o vulcão já está extinto, mas, ainda há um certo tipo de aquecimento nas profundezas da terra.

O resultado disso são as águas termais, fontes aquáticas naturalmente aquecidas pelo vulcanismo secundário, como explica a geóloga Flávia Santos.

Essas águas termais são encontradas, atualmente, em balneários turísticos no estado. Vale lembrar que as fontes de aquecimento não têm possibilidade de erupção vulcânica e não geram perigo para os cidadãos.

Surgimento dos vulcões no país

Toda essa atividade vulcânica no Brasil teria iniciado, como afirma a geóloga, a partir da separação das placas tectônicas que ligavam os continentes africano e sul-americano; (veja a ilustração abaixo):

Essa separação dos continentes fez com que a lava da crosta se espalhasse por partes do território brasileiro, criando um sistema vulcânico conhecido como “Serra Geral”.

A área de vulcanismo da Serra Geral teria ocorrido, segundo especialistas, há mais de 131 milhões de anos, em regiões como interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.