MT tem a maior taxa de aumento de mortes da Amazônia Legal


Entre 2021 e 2023, Mato Grosso foi o estado da Amazônia Legal com maior crescimento no número de mortes violentas intencionais ligadas à exploração de terras, garimpo, tráfico de drogas e guerras entre facções criminosas. Os dados são da 3ª edição do estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nessa quarta-feira (11).

Mato Grosso foi o estado com maior crescimento de mortes violentas da Amazônia Legal, segundo o estudo. (Foto: Reprodução/Secom-MT)

Violência em Mato Grosso

Ainda conforme os dados, houve aumento de 28,5% nos casos de homicídio doloso no estado – quando há intenção de matar – atingindo a marca de mais de 3 mil vítimas nos três anos.

  • 2021: 879 vítimas
  • 2022: 1.062 vítimas
  • 2023: 1.159 vítimas

Vale lembrar que a Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a área de nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Foram 8.603 mortes violentas intencionais (MVI) em 2023 na Amazônia Legal, como mostra o estudo. A taxa de 32,3 vítimas a cada 100 mil habitantes foi 41,5% maior que a taxa total brasileira (22,8/100 mil habitantes).

Veja abaixo as 10 cidades mais violentas de Mato Grosso (2021-2023):

  • Nova Santa Helena – 102,3 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • São José do Rio Claro – 100,1 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Nova Maringá – 96,5 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Aripuanã – 91,4 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Alto Paraguai – 91,0 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Colniza – 80,2 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Nova Bandeirantes – 78,6 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Nobres – 73,2 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Cocalinho – 69,8 vítimas a cada 100 mil habitantes
  • Nova Monte Verde – 68,2 vítimas a cada 100 mil habitantes
MORTES AMAZONIA LEGAL 3

O que explica a violência? 🔎

Segundo David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro, os principais fatores ligados ao aumento da violência em Mato Grosso são:

  • guerra entre facções criminosas;
  • disputa pelo controle do tráfico;
  • atuação de milícias ligadas ao agronegócio;
  • garimpo ilegal.

Além dos crimes ligados ao agronegócio e garimpos ilegais, o cenário foi agravado, na última década, pelo tráfico de cocaína, maconha, armas e pessoas – ligadas às disputas de facções como Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Em suma, em todos os casos estamos falando de conflitos fundiários, isto é, de conflitos em torno do controle ou posse da terra, que têm produzido mortes e outras dinâmicas criminosas – como exploração sexual infantil, tráfico de drogas e armas e tráfico de pessoas – que ameaçam a sobrevivência dos povos tradicionais da região” diz trecho do estudo.

Além do PCC e Comando Vermelho, o estudo revela a presença de outros dois grupos criminosos atuantes no estado: Tropa Castelar e o Bonde dos 40.

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A análise mostra que MT é estrategicamente usado pelo crime com rota do tráfico, principalmente na fronteira do país com a Bolívia (um dos principais produtores de cocaína do mundo) e o Peru.

Para se ter uma ideia, o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou um crescimento no número de apreensões de cocaína pela Polícia Federal (PF) em Mato Grosso: foram 14,1 toneladas de
cocaína e derivados em 2023.

No mesmo ano, o Centro-Oeste passou a ser a região com maior volume de droga apreendida, chegando a 23,6 toneladas, sendo a maioria registrada em Mato Grosso.

Rastro de violência das facções 🔴

O Comando Vermelho é o grupo criminoso de maior predominância no estado e está presente em 23 cidades, segundo o estudo. Enquanto isso, o PCC mostra domínio apenas em Pedra Preta, a 243 km de Cuiabá.

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Outro ponto analisado pelo estudo são os casos de assassinatos relacionados a pessoas fazendo símbolos de facções em municípios onde há disputa de grupos criminosos, sem que as vítimas tivessem qualquer relação com o crime organizado.

Um desses casos foi o assassinato da jovem Ellen Nascimento da Silva, de 21 anos, encontrada morta na zona rural de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, no dia 22 de abril de 2022.

Segundo a Polícia Civil, a morte foi a mando de uma facção criminosa, por causa de um vídeo postado n rede social da jovem, no qual ela aparece dançando e fazendo um símbolo com as mãos que, supostamente, teria relação com uma facção criminosa rival à dos suspeitos do homicídio.

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Ellen Nascimento estava com marcas de tiro e com as mãos amarradas (Foto: Arquivo pessoal).

No ano seguinte, Pablo Ronaldo dos Santos, de 23 anos, foi sequestrado e morto em em Nova Ubiratã, a 506 km de Cuiabá. O caso também aconteceu após o jovem publicar um vídeo dançando e fazendo um símbolo com a mão.

Pablo e um colega de trabalho estavam em um bar quando foram abordados e sequestrados. Os dois moravam no interior de São Paulo e teriam ido para Mato Grosso para trabalhar.

Pablo Ronaldo dos Santos, de 23 anos, foi sequestrado pós fazer um gesto durante festa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pablo Ronaldo dos Santos, de 23 anos, foi sequestrado após fazer um gesto durante festa. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em novembro deste ano, o estado também ficou marcado pelo assassinato de duas irmãs, Rayane Alves, e Rithiely Alves, que foram sequestradas e torturadas em Porto Esperidião, a 358 km de Cuiabá. As mortes também foram relacionadas a gestos feitos pelas vítimas.

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Rayane Alves (blusa azul) era candidata a vereadora pelo PSD. (Foto: Reproduçao)
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Tolerância Zero 🚨❌

Neste ano, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), anunciou uma série de medidas para intensificar o combate às facções, por meio do programa ‘Tolerância Zero ao Crime Organizado‘.

Entre as ações anunciadas estão a criação da Secretaria de Justiça (Sejus-MT), quatro delegacias e a convocação de mais de 300 servidores para atuar na Segurança.

Para descentralizar o combate ao crime organizado, o governo anunciou a criação de quatro delegacias especializadas no enfrentamento às facções, que serão instaladas nos municípios de Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Cáceres e Sinop, a 503 km da Capital.

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