Uma mulher, que preferiu não se identificar, relembrou os momentos de abusos, comportamentos obsessivos e a insistência de Caio Nascimento, que assassinou a jornalista Vanessa Ricarte, nessa quarta-feira (12). Em uma conversa com o Primeira Página, a vítima detalhou histórico de assédio e perseguição, iniciado após um encontro casual em um bar em Campo Grande
⚠️ Contextualização – Caio Nascimento assassinou a jornalista Vanessa Ricarte com três golpes de faca. A vítima foi morta ao voltar da DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), após ter denunciado os abusos sofridos pelo agressor. Ela chegou a ser socorrida com vida, porém não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa de Campo Grande nesta quarta-feira.
Stalker, obsessivo e feminicida
![caio assassinovanessa](https://media.primeirapagina.com.br/pp-prod-container/2025/02/caio_assassinovanessa.jpg)
A vítima que sofreu stalker de Caio Nascimento relembra como conheceu o agressor. A mulher relata, que, em 2018, conheceu o homem durante um show, onde ele se apresentava com uma banda. A perseguição começou após a mulher demostrar interesse pelo músico e ele ter conseguido o telefone dela por intermédio de terceiros.
Em seguida, ele passou a fazer contatos frequentes, chegando a descobrir onde ela morava. Em uma ocasião, foi até a casa dela e tentou entrar sem ser convidado, como relembra a vítima. Ao perceber o comportamento invasivo, a mulher o empurrou e fechou o portão.
“Ele descobriu onde era a minha casa e foi até a minha casa. E aí, eu não o convidei pra entrar e ele entrou no portão de fora do condomínio e eu empurrei ele e fechei o portão. Então, não fiquei, não tive nada”, detalhou a vítima.
Com o passar dos dias, a insistência se intensificou. Ele chegou a fazer cerca de 30 ligações consecutivas e também a procurou por redes sociais. Na época, era casado e chegou a enviar mensagens pelo perfil da própria esposa, fingindo ser ela, pedindo para que fosse desbloqueado.
“Mas eu bloqueei, acabei bloqueando de tudo e parei de sair e frequentar os lugares onde eu sabia que as bandas que ele tocava estariam. Conforme eu fui bloqueando, ele mandava SMS, procurava outros e-mails. Chegou a ameaçar de ir ao meu trabalho, que na minha rede social tinha onde eu trabalhava”.
Vítima
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A mulher precisou acionar um amigo e um policial conhecido para intervir na situação, pois ele chegou a ameaçar ir ao local onde ela trabalhava. Sentindo-se acuada, deixou de frequentar lugares onde sabia que ele poderia estar se apresentando. Os casos de stalker não foram denunciados à polícia.
Mesmo anos depois, cerca de dois ou três anos antes do crime desta quarta (12), ele retomou os contatos ao perceber que a mulher havia entrado em uma outra rede social. Ele iniciou uma conversa mencionando que havia mudado e que frequentava a igreja, mas ela evitou o diálogo e rapidamente bloqueou o perfil.
Com o assassinato de Vanessa, a vítima que sofreu stalker relembrou dos abusos. Com a repercussão do feminicídio, a mulher afirmou que percebeu que não foi a única a vivenciar esse tipo de situação e se sentiu encorajada a compartilhar a história. Para ela, a insistência e o ciúmes excessivo são sinais de alerta que não devem ser ignorados.
“Foi e está sendo horrível, porque a gente pensa que poderia ter sido uma de nós. Foi bem pesado, pensar que poderia ter sido comigo”.
Vítima de stalker.
Caio Nascimento: feminicida
Munido de faca, Caio Nascimento desferiu três golpes contra a comunicadora, Vanessa Ricarte, no noite desta quart-feira (13). O crime foi cometido justamente quando ela retornou para casa após registrar boletim de ocorrência contra o algoz por ameaça e violência doméstica e conseguir medida protetiva.
Após ser encaminhada ao hospital, Vanessa não resistiu aos ferimentos e morreu pouco antes da meia noite de quarta (13).
Para a vítima de perseguição, o crime cometido por Caio Nascimento serve de alerta para outras mulheres sobre os sinais de comportamentos obsessivos.
Ela destaca a importância de buscar apoio de amigos, familiares e até mesmo das autoridades quando necessário.
“Uma medida protetiva não evita nada. Para quem já está na situação, procure se aproximar da família, dos amigos, de quem possa amparar uma saída dessa situação com muitas pessoas em volta dando apoio. Se isolar é o pior, a gente não precisa ter vergonha de ter passado por isso, quem tem que ter vergonha é quem faz”.
Vítima
Denuncie
⚠️ Violência doméstica, seja psicológica, física ou verbal, é crime! Saiba como denunciar:
- 🚨 Emergências: se a agressão estiver acontecendo, ligue no número 190 imediatamente;
- 🚨 Denúncias: ligue para o número 180. O serviço de atendimento é sigiloso e oferece orientações para denúncias sobre violência contra mulheres. O telefonema pode ser feito em qualquer horário, todos os dias. Também é disponível um WhatsApp – (61) 9610-0180;
- 🚨 Perigo: procure a delegacia mais próxima e acione a polícia, por meio do 190.
Em Mato Grosso do Sul, as denúncias de violência de gênero podem ser feitas de maneira on-line. Clique aqui e faça a denúncia.
Violência contra mulher é crime e não pode ser ignorada. Basta, denuncie!
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