O psiquiatra forense Guido Palomba, referência nacional na área, analisou o caso de Nataly Helen Martins Pereira, de 25 anos, suspeita de matar brutalmente a adolescente grávida Emelly Azevedo Sena, de 16 anos, para roubar seu bebê, em Cuiabá.
Em um vídeo exclusivo para ao Primeira Página, o especialista afirmou que a autora do crime apresenta traços de psicopatia, destacando a frieza e a brutalidade do ato. (Veja o vídeo da entrevista completa no final da matéria).
Segundo a investigação, Nataly premeditou o assassinato, desmaiou a vítima com um golpe mata-leão, a amarrou e extraiu o bebê enquanto ela ainda estava viva.
Em entrevista exclusiva ao portal, Palomba destacou a “frieza extrema” e a “ausência completa de sentimentos superiores” de Nataly.
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Segundo o psiquiatra, a forma como o crime foi executado, com a vítima sendo amarrada e tendo o bebê retirado de seu ventre ainda viva, evidencia uma personalidade “anormal” e “irrecuperável“.

“É um crime chocante, cometido por uma personalidade já bem conhecida da literatura médica da criminologia. É uma personalidade anormal descrita como loucura moral, loucura lúcida, psicopatia, condutopatia”, afirmou Palomba.
As investigações da Polícia Civil revelaram que o crime foi premeditado. Nataly atraiu Emilly para sua casa com a promessa de doar roupas para o bebê, e já havia preparado uma cova rasa nos fundos da residência. A perícia confirmou que Emilly ainda estava viva quando o bebê foi retirado de seu ventre.

“Primeiro, é um egoísmo extremo, o que ela queria é roubar a criança. A segunda característica: ausência completa de sentimentos superiores, de piedade, de compaixão, de altruísmo. Ela amarrou, cortou a pessoa ainda estava viva. Depois vem a frieza extrema. Para fazer tudo o que ela fez tinha que ter uma frieza afetiva absoluta. E outra, ausência completa de valores éticos e morais e mais um um certo estreitamento de consciência”, completou.
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“Precisei de 5 minutos para me recompor”, diz perito do caso
O perito da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), Luis Paoli, com 12 anos de experiência, descreveu a cena do crime como uma das mais difíceis de sua carreira. Emocionado, ele relatou a crueldade do assassinato.

“Tenho 12 anos de perícia local e foi uma das reações mais difíceis que tive para me conter, da emoção de ver uma menina de 16 anos com o abdômen aberto, mãos presas nas costas, asfixiada. Tenho uma filha próxima a essa idade e senti um peso enorme do trabalho que a gente faz e precisei de uns 5 minutos para me recompor para voltar à cena do crime. De todas as situações que convivi, essa foi uma das cenas mais cruéis e difíceis de processar.”
Paoli detalhou a brutalidade do crime: Emilly foi asfixiada, teve o abdômen aberto e a criança retirada. Ela estava amarrada com as mãos para trás, e os pulsos quebrados.
O crime
Emilly desapareceu na tarde de 12 de março, após sair de casa para buscar as doações de roupas. Nataly a matou por estrangulamento e realizou uma cesariana para retirar o bebê. Após o crime, tentou simular um parto domiciliar, mas foi presa em flagrante no Hospital Santa Helena, onde buscou atendimento médico.
A recém-nascida, Liara, está sob os cuidados do Conselho Tutelar e aguarda exame de DNA para alta médica. O pai da criança passará a morar com a avó materna, que se prontificou a cuidar da neta. Emilly, que estava em licença maternidade dos estudos, foi velada em Cuiabá, e a escola onde estudava está de luto.

Nataly confessou o crime e revelou que pretendia criar a criança como se fosse sua filha. Ela já havia sofrido um aborto em 2024, mas escondeu a informação e planejou o assassinato de Emilly.
A polícia também investiga prints que mostram que Nataly buscava crianças para adoção ilegal na internet há pelo menos seis meses.
No vídeo abaixo, o psiquiatra Guido Palomba comenta o caso. O perito da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), Luis Paoli, conta o que viu na cena do crime, e a acusada confessa o assassinato.
A prisão
Após o homicídio da adolescente, Nataly tentou simular um parto domiciliar, utilizando o sangue da vítima para criar um cenário falso. Em seguida, ela solicitou que familiares a levassem ao hospital. No entanto, a equipe médica suspeitou da história, pois Nataly não apresentava sinais de puerpério ou lactação.
A família da adolescente já havia registrado seu desaparecimento. Ao serem acionados pela equipe médica, os policiais prenderam Nataly em flagrante.
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Caso Emilly: adolescente grávida ainda estava viva quando bebê foi retirado
Imagens das câmeras divulgadas pela TV Centro América, mostram a mulher chegando ao Hospital e Maternidade Santa Helena, em Cuiabá, com o bebê da adolescente horas após ter matado e roubado criança dela. (Veja o vídeo).