Na mira da PF, caminhoneiro de MT recebeu coordenadas de general pelo WhatsApp


O caminhoneiro mato-grossense Lucas Rotilli Durlo, conhecido como Lucão, é apontado no relatório da Polícia Federal que investiga os ataques ocorridos em 8 de janeiro de 2023 à sede dos Poderes em Brasília, como uma liderança de acampamentos golpistas.

Atuante em Mato Grosso, Lucão teria trocado mensagens de WhatsApp com o general Mario Fernandes.

Caminhoneiro Lucas Rotilli Durlo (Foto: Reprodução)

As orientações eram sobre como portar na manifestação em Brasília. O general Mario Fernandes diz que já tinham realizado os ajustes com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal e pede para Lucão manter o controle do ato.

À época, caminhoneiros interditaram estradas pelo país, causando desabastecimento de combustíveis e alimentos, queimando pneus e ameaçando motoristas que tentavam furar os bloqueios.

Em protesto contra a eleição do presidente Lula (PT), caminhoneiros deram sequência a diversos protestos ao decorrer dos meses. Bloqueio parciais e todas de rodovias foram feitos em todo o país.

Atualmente, duas rodovias ainda estão bloqueadas em Mato Grosso. (Foto: Reprodução)
Rodovias bloqueadas em Mato Grosso. (Foto: Reprodução)

Confira os diálogos entre o caminhoneiro e o general abaixo:

General Mario Fernandes:

Bom dia, Lucão! Força meu amigo. Muito bacana. Bacana a tua liderança e, e orientação a todo, todo esse segmento. Eu recebi um retorno aqui que os ajustes junto à Secretaria de Segurança do DF já foram feitos. E deve ter um movimento amanhã e domingo, né. É bom! O importante é que ser ordeiro extremamente controlado por todos nós que estamos atentos a esses aspectos pra que a gente mantenha o máximo de controle sobre essas ações, tá? E… e essa pressão ela acaba sendo importante também aqui na Esplanada, né. Como parece que tá sendo planejado, aí. Tá joia? Um grande abraço meu amigo. Força!“.

No dia 8 de dezembro, Lucão encaminha uma mensagem de áudio para o general relatando uma decisão do ministro Alexandre de Moraes determinando busca e apreensão em caminhões que estariam no QG do Exército.

O caminhoneiro diz que o pessoal estava desesperado e alguns tinham decido sair do local. Lucão, então, pede ajuda do general para impedir o cumprimento da medida na área militar.

Lucão: “Aí vê pra mim aí o que que o senhor consegue levantar aí se eles têm esse poder de autoridade de poder entrar dentro do Quartel General aqui pra mexer com os caminhões. Tá bom?”.

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Pressão para golpe de Estado

De acordo com a Polícia Federal, a partir do alerta dado por Lucão, sobre eventual operação que apreenderia caminhões, o general aciona alguns contatos para atender o caminhoneiro, evidenciando o interesse do grupo investigado em manter as manifestações, fato relevante no planejamento para pressionar o Comando do Exército a aderir ao golpe de Estado.

Então, às 22h59, o oficial-militar envia um áudio para o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de Ordens do então presidente da República Jair Bolsonaro.

No áudio, o general Mario Fernandes revela que está atuando junto às “Forças” e pede ajuda do então presidente Jair Bolsonaro para manter os manifestantes, impedindo o cumprimento da ordem de desocupação dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no local.

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O general revela sua ação de orientação dos manifestantes afirmando: ”Pô a gente tem procurado orientar tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que tão lá em frente ao QG. E pô e hoje chegou pra gente que parece que existe um mandato de busca apreensão do TSE ou do STF em relação aos caminhões que tão lá”.

O general Mario Fernandes ainda solicita que a Polícia Federal não cumpra a eventual ordem judicial de apreensão dos caminhões. “Se o presidente pudesse dar um input ali pro Ministério da Justiça segurar a PF, né. Pô, os caminhões estão dentro de área militar”.

Atos golpistas

Em 8 de janeiro de 2023, um grupo de bolsonarista invadiu a Praça dos Três Poderes e atacou as sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário nacional para derrubar o governo eleito.

Atos Golpistas de 8 de Janeiro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Atos Golpistas de 8 de Janeiro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os participantes do ato antidemocrático estavam com pedaços de paus e pedras e ainda entraram em confronto com a Polícia Militar, que tentava conter a situação no local.

Durante o confronto entre os bolsonaristas e a polícia, spray de pimenta e bombas de efeito moral foram usados contra os participantes, que invadiram a área de contenção que cercava o Congresso.

Bombas em Brasília

Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, tirou a própria vida após atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) com bombas, na noite do dia 13 de novembro deste ano. Horas antes, ele entrou no plenário da Corte e enviou mensagens no Facebook anunciando o ataque e manifestando ódio contra autoridades.

De acordo com a Polícia Federal, os indícios são de que Wanderley agiu sozinho; no entanto, grupos extremistas continuam disseminando ideias golpistas pelas redes sociais.

Confira o vídeo do momento do atentado.

Quem é Francisco Wanderley Luiz?

Francisco se candidatou a vereador pelo PL em Rio do Sul, em Santa Catarina, em 2020, mas não se elegeu. Ele era solteiro, atuava como chaveiro e tinha dois filhos, de 37 e 38 anos, do primeiro relacionamento. Francisco era bolsonarista e, inclusive, participou de acampamentos golpistas em Santa Catarina após a derrota de Jair Bolsonaro.

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Da esquerda para direita, imagem de e-mail ameaçador enviado ao STF, foto de Francisco e imagem da câmera de segurança que registrou o atentado. (Foto: Reprodução)





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