O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (9) que o crescente isolamento do Hamas após o colapso do governo de Bashar al-Assad na Síria pode “abrir uma porta” para um acordo para libertação de reféns na Faixa de Gaza.
Ainda assim, o premiê ressaltou que é muito cedo para dizer se esses esforços terão sucesso.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, também pontuou que o governo está mais otimista sobre um possível acordo.
Ele afirmou que negociações indiretas estavam em andamento sobre o retorno de cerca de 100 reféns e que, embora ainda seja muito cedo para ter certeza, as perspectivas melhoraram.
“Podemos ser mais otimistas do que antes, mas ainda não chegamos lá. Espero que cheguemos lá”, pontuou Saar em uma entrevista coletiva em Jerusalém, reiterando a posição de Israel de que os reféns ainda mantidos em Gaza devem ser soltos antes do fim dos combates.
“Não haverá um cessar-fogo em Gaza sem um acordo de reféns”, advertiu.
Hamas pediu lista de reféns em Gaza, diz fonte
Isso acontece enquanto um oficial palestino disse que o Hamas pediu a outros grupos armados em Gaza uma lista os nomes de reféns israelenses e estrangeiros sob sua custódia, mortos ou vivos.
O oficial não deu mais detalhes do esforço de mediação, mas ressaltou que os mediadores, apoiados pelos Estados Unidos, intensificaram os contatos com Israel e o Hamas.
O Hamas não comentou o caso até a última atualização desta matéria.
Por outro lado, um oficial de um grupo aliado ao Hamas expressou esperança de que as negociações pudessem levar a um acordo.
“Novo capítulo” no Oriente Médio
Na entrevista coletiva, Netanyahu pontuou ainda que a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria abriu um novo capítulo no Oriente Médio. Ele prometeu que Israel continuará trabalhando para “mudar a face” da região.
O premiê também disse que Israel continuaria a garantir sua segurança mantendo presença nas Colinas de Golã ocupadas, que o país capturou da Síria em 1967.
“As Colinas de Golã sempre farão parte do estado israelense”, destacou.
Netanyahu comentou no domingo que havia ordenado aos militares que “assumissem o controle” da zona-tampão que separa as Colinas de Golã ocupadas por Israel do resto da Síria.
Entenda o conflito na Faixa de Gaza
Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.
O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.
Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.
A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.
A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados.
Entenda o conflito na Síria
O regime da família Assad foi derrubado na Síria no dia 8 de dezembro, após 50 anos no poder, quando grupos rebeldes tomaram a capital Damasco.
O presidente Bashar al-Assad fugiu do país e está em Moscou após ter conseguido asilo, segundo uma fonte na Rússia.A guerra civil da Síria começou durante a Primavera Árabe, em 2011, quando o regime de Bashar al-Assad reprimiu uma revolta pró-democracia.
O país mergulhou em um conflito em grande escala quando uma força rebelde foi formada, conhecida como Exército Sírio Livre, para combater as tropas do governo.
Além disso, o Estado Islâmico, um grupo terrorista, também conseguiu se firmar no país e chegou a controlar 70% do território sírio.
Os combates aumentaram à medida que outros atores regionais e potências mundiais — da Arábia Saudita, Irã, Estados Unidos à Rússia — se juntaram, intensificando a guerra no país para o que alguns observadores descreveram como uma “guerra por procuração”.
A Rússia se aliou ao governo de Bashar al-Assad para combater o Estado Islâmico e os rebeldes, enquanto os Estados Unidos lideraram uma coalizão internacional para repelir o grupo terrorista.
Após um acordo de cessar-fogo em 2020, o conflito permaneceu em grande parte “adormecido”, com confrontos pequenos entre os rebeldes e o regime de Assad.
Mais de 300 mil civis foram mortos em mais de uma década de guerra, de acordo com a ONU, e milhões de pessoas foram deslocadas pela região.
Quem é a família de Bashar al-Assad, que governou a Síria por mais de meio século