No G20, diplomatas americanos minimizam prejuízos ao multilateralismo com Trump

CNN Brasil


Às margens das reuniões do G20 no Rio de Janeiro, diplomatas dos Estados Unidos minimizam hipotéticos prejuízos que a administração Trump poderia levar ao multilateralismo, e especialmente à dinâmica do grupo que reúne as maiores economias do mundo.

Sob reserva, estes diplomatas evitam fazer previsões sobre as decisões de Trump para a agenda global, mas destacam que, discurso à parte, o multilateralismo — incluindo as estruturas do G20 — sobreviveu sem maiores prejuízos ao primeiro mandato do republicano.

Em conversa com a CNN, estes representantes destacam inclusive que os Estados Unidos presidirão o G20 em 2026, o que configuraria uma oportunidade para o país em diversos aspectos.

Donald Trump tem ressalvas ao que é central na agenda do G20 nos últimos anos, como combate às mudanças climáticas e à desigualdade ao nível global. Segundo estas fontes, contudo, a posição da diplomacia americana neste momento é semelhante à da brasileira: a ordem é não especular prejuízos.

Já sobre a relação bilateral, enquanto Trump e Lula aparecem em lados opostos do espectro ideológico, os diplomatas reforçam que, divergências à parte, “algumas coisas não serão mudadas”, como a firmeza dos laços comerciais.

Se consideradas trocas de bens, serviços e investimentos, os EUA são o principal parceiro comercial do Brasil.

Apoio comedido à agenda brasileira no G20

Em linhas gerais, os Estados Unidos de Joe Biden apoiam as três prioridades da presidência brasileira no G20: combater a pobreza, as mudanças climáticas e melhorar a governança global, reiteram estes negociadores.

Em aceno à prioridade, o país aderiu à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, criada pelo Brasil.

O apoio às demais frentes vem com ressalvas. No combate às mudanças climáticas, os negociadores acreditam que para o financiamento da transição “é necessário mais conversas”.

Há um debate sobre se esta conta deve ficar concentrada nos países ricos ou se os pobres deveriam também contribuir.

Sobre a reforma da governança global, os diplomatas destacam que os EUA apoiaram a declaração do G20 Brasil que pede — mesmo que de maneira genérica — mudanças em instituições como ONU e OMC e concordam sobre a necessidade de o Sul Global ter mais espaço nestes mecanismos.

Mas não veem estes avanços ocorrendo “em um dia”.

O apoio ponderado é semelhante para a pauta de taxação de super-ricos. Os EUA apoiaram uma declaração ministerial do G20 Brasil sobre a necessidade de uma tributação global mais progressiva.

Este suporte, em bases genéricas, é o mais longe que o país iria neste momento, segundo estes negociadores.



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