O Pantanal celebra mais um capítulo de esperança para a arara-azul, espécie ameaçada de extinção. O nascimento desses filhotes revela um verdadeiro milagre da natureza, que envolve paciência, cuidado parental e um segredo evolutivo que os ajuda a sair do ovo.
Diferente de muitas aves, as araras-azuis botam seus ovos em intervalos que podem variar entre 1 e 16 dias.
Segundo o Instituto Arara-Azul, isso significa que os filhotes não nascem ao mesmo tempo, criando uma diferença de desenvolvimento entre os irmãos dentro do ninho. A eclosão ocorre entre 28 e 30 dias após a postura, e romper a casca pode levar horas ou até dias.
Mistério dos filhotes
Para emergir do ovo, os filhotes contam com uma ferramenta secreta e especial: o chamado “dente de ovo”, uma pequena protuberância na ponta do bico, que os ajuda a quebrar a casca de dentro para fora.
Em alguns casos, os pais auxiliam os filhotes no processo, garantindo que todos sobrevivam com segurança.

-
Arara-azul: imagens raras desvendam os segredos do nascimento no ninho
Cuidado intenso dos pais
Após a formação do casal, as araras-azuis passam a maior parte do tempo juntas, dividindo todas as tarefas.
Em julho, começam a inspecionar e reformar as cavidades para o período de reprodução que se inicia.
O pico reprodutivo pode variar, mas, geralmente, ocorre entre setembro e outubro, com a criação dos filhotes se estendendo até janeiro ou fevereiro do ano seguinte.
Nesse período, é comum haver disputas por ninhos entre as próprias araras-azuis e outras espécies. Cerca de 17 espécies diferentes ocupam ninhos artificiais desenvolvidos pelo Projeto Arara Azul.
A taxa de reprodução das araras-azuis é baixa, e alguns casais só se reproduzem a cada dois anos. A fêmea costuma botar de 1 a 3 ovos em dias diferentes, sendo que a média encontrada é de dois ovos.
Durante a incubação, que dura de 28 a 30 dias, ela permanece no ninho e é alimentada pelo macho. A taxa de eclosão é de aproximadamente 90%, mas os ovos podem ser predados por carcarás, quatis, tucanos, gralhas e gambás, resultando em uma taxa de predação entre 20% e 40%.

Os filhotes nascem em média com 31,6 gramas e 82,7 mm. Nos primeiros 45 dias, estão vulneráveis a predadores como formigas, tucanos e gaviões.
No entanto, o maior índice de mortalidade ocorre até o quinto dia de vida do segundo filhote. Quando a diferença de idade entre os irmãos é maior que cinco dias, geralmente, o segundo não sobrevive.
Aproximadamente com 107 dias (cerca de 3 meses), os filhotes dão seus primeiros voos. Embora não retornem mais aos ninhos, permanecem nas proximidades ou voam acompanhados pelos pais, que continuam alimentando-os enquanto eles aprendem a encontrar comida, a se defender de predadores e a identificar locais seguros para dormir.
A partir dos 9 a 10 meses, os filhotes já conseguem se alimentar sozinhos, mas alguns ainda seguem os pais por até 12 ou 18 meses, antes de se juntarem a bandos de jovens.
Somente entre 7 e 9 anos de idade esses indivíduos iniciarão sua vida reprodutiva, formando casais e criando suas próprias famílias.

Esperança para a Arara-Azul
A reprodução bem-sucedida da arara-azul é motivo de comemoração para os projetos de conservação, que monitoram e protegem essas aves no Pantanal, como o Instituto Arara-Azul.
Cada novo filhote representa um passo importante na luta contra a extinção, reforçando a importância da preservação do bioma e das iniciativas que garantem a segurança dessas icônicas aves brasileiras.