O Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro tem demonstrado uma notável capacidade de “realizar milagres” com os recursos limitados que recebe, segundo o professor Walter Cintra, da FGVSaúde. Em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (17), o especialista destacou a eficiência do sistema público de saúde, apesar do “subfinanciamento crônico”.
Cintra enfatizou que, em comparação com países que possuem sistemas universais de saúde no primeiro mundo, o Brasil opera com um orçamento significativamente menor. Ele ainda ressaltou a necessidade de uma análise criteriosa ao incorporar novas tecnologias e tratamentos no sistema.
Desafios na incorporação de novos tratamentos
O especialista abordou a complexa questão da judicialização da saúde e a incorporação de medicamentos de alto custo, especialmente para doenças raras. Cintra explicou que a decisão de incluir novos tratamentos deve considerar não apenas a eficácia clínica, mas também a efetividade real e o impacto orçamentário.
“Gastar milhões no tratamento de uma pessoa significa, eventualmente, dependendo do meu orçamento, que eu vou deixar milhares de pessoas sem um tratamento efetivo”, pontuou o professor, destacando o dilema ético e econômico enfrentado pelos gestores de saúde.
A importância do debate público
Cintra ressaltou que decisões sobre alocação de recursos em saúde devem ser tomadas pela sociedade, através de seus representantes no legislativo, e não apenas por decisões judiciais. Ele lembrou que a Constituição brasileira define a saúde como um direito universal e dever do Estado, mas “dentro das condições econômicas e sociais” do país.
O professor concluiu enfatizando a necessidade de um debate amplo e informado sobre o financiamento e as prioridades do sistema de saúde brasileiro, considerando as limitações orçamentárias e a responsabilidade de atender às necessidades de toda a população.