A onça-pintada que atacou o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, estava sendo cevada na propriedade onde ocorreu o ataque, localizada na região do Toro Morto, às margens do Rio Miranda, no Pantanal de Aquidauana. A confirmação foi feita pelo secretário-executivo da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Henrique Leite Falcette, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (23). A ceva consiste em atrair os animais com alimento, e é expressamente proibida pela legislação ambiental.
Artur Henrique Leite Falcette, secretário-executivo da Semadesc. (Foto: Felipe Ribeiro)
Ao lado do comandante da PMA (Polícia Militar Ambiental), José Carlos Rodrigues, e do major da PMA, Diego Ferreira, o secretário deu detalhes da operação de captura do animal.
“Uma das poucas certezas que a gente tem em relação ao caso é que estava sendo feita ceva para o animal no local. Além de ser um crime ambiental, essa é uma prática que, como a gente pode ver, é perigosa e pode causar algum tipo de distúrbio de comportamento nesses animais que são cevados.”
Artur Henrique Leite Falcette, secretário-executivo da Semadesc.
Coletiva de imprensa sobre a captura da onça-pintada. (Foto: Felipe Ribeiro)
Conforme Falcette, a onça que atacou o trabalhador é um macho, pesa entre 90 kg e 100 kg, e está rondando a região junto de outros dois felinos, mas ainda não foi capturada.
A Polícia Militar Ambiental já instalou 10 armadilhas próximas à propriedade, na expectativa de realizar o resgate. Assim que “cair” em uma das armadilhas, o animal será sedado e transportado imediantamente para o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.
Dez policiais militares ambientais e o pesquisador Geanderson Araújo, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), participam da operação.
A captura do animal é necessária para confirmar o que pode ter levado a onça a atacar o trabalhador rural, explica Falcette:
“A captura vai ajudar a gente a preencher algumas lacunas que temos do ponto de vista do que aconteceu, de como foi esse encontro, e especialmente para entender quais motivos podem ter levado esse animal a demonstrar um comportamento tão atípico.”
Artur Henrique Leite Falcette, secretário-executivo da Semadesc.
Policiais militares ambientais no pesqueiro onde ocorreu o ataque. (Foto: PMA)
Caseiro morto por onça-pintada vira lenda e guardião do Pantanal em poema
Adeus a caseiro morto por onça foi com caixão fechado e sem velório
Além de ser um animal de grande porte, a onça-pintada que atacou Jorge é idosa, o que possivelmente a impede de caçar as presas que normalmente caçaria. Esse fator, somado à ceva, pode ter contribuído para as alterações de comportamento observadas no animal, segundo o secretário e os oficiais da PMA.
Do Pantanal, a onça-pintada será trazida para o CRAS, onde o seu comportamento será estudado.
Após avaliação na capital, ela poderá ser encaminhada para instituições cadastradas de proteção a felinos em cativeiro. Não há garantia de que a onça retornará à natureza — muito menos ao seu território no bioma pantaneiro.
“O comportamento típico desse animal, ao se deparar com o ser humano, é o de fugir. Ela só ataca para se alimentar ou se estiver em uma situação de perigo — o que, entendemos, não foi o caso ocorrido ali no local.”
Artur Henrique Leite Falcette, secretário-executivo da Semadesc.
Onça-pintada rondando pesqueiro, dias antes antes do ataque
O ataque da onça-pintada
O corpo de Jorge foi sepultado nesta quarta-feira (23), em Aquidauana, em caixão fechado e sem velório, após passar por uma série de exames periciais no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana.
Jorge foi atacado pela onça na tarde de segunda-feira (21). O corpo foi arrastado pela onça para o meio da mata fechada e os restos mortais de Jorge só foram encontrados no dia seguinte. Durante o resgate da vítima, o felino ainda atacou um dos homens que atuavam nas buscas e fugiu.
O corpo de Jorge foi sepultado nesta quarta-feira (23), em Aquidauana, em caixão fechado e sem velório, após passar por uma série de exames periciais no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana.