A operação militar de Israel em Gaza, com o objetivo de neutralizar o Hamas e recuperar os reféns, não alcançou a eficácia esperada, segundo Alberto Pfeifer, coordenador de Estratégia Internacional da DSI-USP.
Em entrevista ao WW, o especialista destacou que mais de 100 reféns ainda permanecem em poder do grupo extremista.
De acordo com Pfeifer, embora o Hamas tenha sido duramente atingido, a organização não foi completamente desbaratada.
O especialista ressalta que a cooperação do Hezbollah tem sido crucial para a manutenção do Hamas no conflito contra Israel na Faixa de Gaza, além de representar uma ameaça de novas incursões ao território israelense.
Hezbollah como próximo alvo
O analista sugere que o próximo alvo de Israel seria o Hezbollah. Um recente ataque aos sistemas de comunicação do grupo libanês foi considerado por Pfeifer como “o primeiro passo” nessa direção.
Ele explica que a operação pode ter sido precipitada pela suspeita de sabotagem nos dispositivos de comunicação do Hezbollah.
A escalada do conflito neste momento, segundo o especialista, visa aproveitar o desmantelamento da logística e da comunicação interna do Hezbollah, além de neutralizar uma possível resposta do grupo.
Pfeifer também menciona a recente eleição de um novo presidente no Irã, considerado mais moderado pelos padrões iranianos, como um fator que pode influenciar a dinâmica do conflito.
Considerações estratégicas
O coordenador da DSI-USP aponta duas considerações principais na estratégia israelense: a sustentabilidade doméstica e a popularidade do governo Netanyahu, bem como a necessidade de neutralizar o Hezbollah, considerado o principal inimigo de Israel.
Pfeifer destaca que o Hamas é visto como um instrumento do Hezbollah no eixo Hamas-Hezbollah-Irã.
A análise de Pfeifer lança luz sobre a complexidade do conflito no Oriente Médio e as múltiplas camadas de alianças e rivalidades que influenciam as decisões estratégicas de Israel e seus adversários na região.