Padre de MT investigado pela PF posou para foto com arma; saiba quem é ele


Apontado pela PF (Polícia Federal) como um dos envolvidos em articulações ideológicas e políticas que provocaram os atos golpistas em 8 de janeiro de 2023, em Brasília, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior tem grande influência no reduto católico de Cuiabá.

Bolsonaro e o padre Paulo Ricardo (Foto: Reprodução da internet)

Ligado à Arquidiocese da capital, ele nasceu em Recife (PE), tem 57 anos, e, na década de 70, se mudou com a família para Cuiabá. Ordenado sacerdote em 1992, com formação em filosofia e teologia, o padre possui mestrado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana.

Sua trajetória acadêmica e sacerdotal, iniciada no período de pontificados conservadores, atuando em diversas áreas, como pastoral, ensino em instituições de ensino superior e gestão de seminários. Atualmente, exerce o ministério sacerdotal em Cuiabá, combinando atividades acadêmicas e pastorais.

Adepto às ideias da extrema-direita, chegou a tirar uma foto com armas de grosso calibre ao lado de Olavo de Carvalho (uma espécie de guru do ex-presidente Jair Bolsonaro) no afã de defender o livre acesso ao porte de armas no Brasil.

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Da direita para a esquerda: Olavo de Carvalho e padre Paulo Ricardo. (Foto: Reprodução)

O padre é bastante conhecido por suas ideias sobre a liberação de armas. Em um vídeo divulgado em seu canal no Youtube, ele afirma:

“Se você pegar a Bíblia e ler sobre guerra, vai achar partes bem claras que ajudam quem é contra as armas. Aí, muita gente pensa: ‘Ah, então a Igreja é contra todas as armas’. Errado! A Igreja não é contra as pessoas terem armas para se defender em casa, mas ela não gosta de guerras e de armas muito fortes, como as bombas. É importante lembrar: o cristão gosta da paz, mas isso não significa que ele não possa se defender”.

Veja o vídeo completo AQUI.

Relatório da PF

Segundo relatório enviado à PGR (Procuradoria Geral de Justiça), o padre utilizou sua influência religiosa e política para sustentar as manifestações antidemocráticas.

O relatório revela que Paulo Ricardo foi mencionado em trocas de mensagens e e-mails envolvendo figuras como José Eduardo de Oliveira e Silva, secretário do bispo José Eduardo de Oliveira e Castro, e Filipe Martins, ex-assessor especial de Jair Bolsonaro para Assuntos Internacionais.

Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior. (Foto: Reprodução)
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior. (Foto: Reprodução)

Em um e-mail enviado em dezembro de 2022, José Eduardo solicitou um encontro direto com Bolsonaro, citando o padre como aliado no movimento pró-vida. A mensagem destacava o desejo de “conversa privada com o presidente para sugerir iniciativas que podem ser tomadas imediatamente pelo Poder Executivo”.

Além disso, o documento da PF cita mensagens trocadas entre o número de telefone vinculado a Paulo Ricardo e outros contatos estratégicos.

Em um dos diálogos, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva reafirma sua ligação com Filipe Martins, reforçando seu alinhamento ideológico e a busca por apoio logístico e jurídico às manifestações.

Atos Golpistas de 8 de Janeiro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Atos Golpistas de 8 de Janeiro. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os detalhes revelam um esforço articulado para mobilizar não apenas caminhoneiros e lideranças políticas, mas também líderes religiosos, visando reforçar a narrativa de legitimidade dos atos. Até o momento, a investigação aponta o indiciamento de 37 pessoas por participação direta nos atos golpistas.

O padre Paulo Ricardo, conhecido por suas posições conservadoras, segue sendo investigado por sua eventual participação nos bastidores do movimento.

O Primeira Página tenta localizar a defesa dos citados na reportagem.

Atos golpistas

Em 8 de janeiro de 2023, um grupo de bolsonarista invadiu a Praça dos Três Poderes e atacou as sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário nacional para derrubar o governo eleito.

Estragos causados por golpistas no Senado Federal (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estragos causados por golpistas no Senado Federal (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os participantes do ato antidemocrático estavam com pedaços de paus e pedras e ainda entraram em confronto com a Polícia Militar, que tenta conter a situação no local.

Durante o confronto entre os bolsonaristas e a polícia, spray de pimenta e bombas de efeito moral foram usados contra os participantes, que invadiram a área de contenção que cercava o Congresso.





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