Promessa no atletismo, o jovem campo-grandense Audrey Gonzaga, de 20 anos, sonha em competir em um campeonato mundial e conquistar sua primeira medalha.
“E quem sabe um dia chegar a uma Paralimpíada, como o Yeltsin”, diz ele. Conheça mais sobre sua história na Primeira Página.
Nascido e criado na capital de Mato Grosso do Sul, Gonzaga recebeu o primeiro diagnóstico de paralisia infantil aos 4 anos. Na época, os médicos constataram que seus membros inferiores foram afetados.
“Depois que eu entrei no esporte, foi constatado que era paralisia cerebral, mas que não está fixada na minha cabeça, e sim em alguma parte do corpo”, explica o jovem.
Na adolescência, uma fase complicada para muitos, Gonzaga enfrentou inseguranças devido à paralisia cerebral.
“Eu lidei com isso até os meus 14, 15 anos, aquela fase de adaptação, onde você se questiona, pergunta o ‘porquê disso comigo?’. A falta de sabedoria e entendimento na juventude nos faz não compreender a situação. Mas hoje, graças a Deus, isso não me incomoda nem me impede. Olho para trás e vejo o quanto evoluí. Sou um cara feliz, graças ao esporte e às oportunidades que ele me proporcionou, com um olhar de humanidade”.
Atletismo
Ainda pequeno, o jovem adorava esportes como futebol e vôlei. Ele experimentou várias modalidades antes do atletismo, incluindo o tênis de mesa, mas foi a adrenalina das pistas que realmente o cativou.
“Entrou na minha vida em 2022 através de um amigo. Ele falou sobre as oportunidades e eu resolvi dar uma chance. Me adaptei rapidamente, tanto nas rotinas de treino quanto nas viagens”.
Antes, Gonzaga treinava todos os dias à tarde, das 15h às 17h30. Agora, ele se dedica apenas no período matutino, no Parque Ayrton Senna, e faz academia à tarde.
Quando o assunto é esporte, Gonzaga destaca a falta de incentivos por parte do poder público.
“Para investir em um sonho, precisamos do nosso próprio material, que muitas vezes é caro e difícil de obter. A falta de patrocinadores é uma grande dificuldade”.
Audrey Gonzaga
“O esporte é um divisor de águas; ele sempre nos motiva tanto no profissional quanto no pessoal. Hoje, sou uma pessoa muito diferente de 2021, graças ao esporte, que me proporcionou maturidade e responsabilidade”, completa Gonzaga.
Inspiração
O grande ídolo de Gonzaga é o recordista paralímpico e medalhista de ouro Yeltsin Jacques, seu conterrâneo. Para o jovem, o campeão mundial é uma grande inspiração.
“Yeltsin é um exemplo de humildade e um espelho para a nova geração no mundo paralímpico. Ele mostra que todos os sonhos são possíveis. Meu sonho é competir em nível mundial e conquistar minha primeira medalha. Quem sabe um dia chegar a uma Paralimpíada como o Yeltsin”.
Gonzaga ainda deixa um recado inspirador para todos que, como ele, guardam um sonho no coração.
“É preciso ter empatia. Para aqueles que não acreditam em si mesmos, que colocam limitações e acham que não são capazes, o que eu diria é: faça o melhor com o que você tem e não desista antes de tentar. Não diga que você não consegue antes de tentar. Abrace o esporte, o estudo, ou qualquer coisa que te faça bem. Confie, acredite e tenha pessoas ao seu redor que compartilhem e apoiem seu sonho, assim como eu fui apoiado”.
Audrey Gonzaga
Nós estamos na torcida por essa medalha paralímpica, hein?!
