Partida de futebol termina com técnico ferido na cabeça em MS

treinador dourados


Uma partida de futebol terminou na delegacia depois que o treinador de um dos times foi agredido por um segurança particular. A confusão aconteceu na primeira partida da disputa pelo título do Campeonato Sul-mato-grossense Sub 20, em Caarapó – cidade a 258 quilômetros de Campo Grande.

Veja a agressão:

A partida foi realizada no sábado, 17 de agosto, no Estádio Carecão. No campo, Dourados Atlético Clube e Operário Caarapoense se enfrentaram pelo título do campeonato pela primeira vez; o encontro terminou em empate, um gol para cada time.

Mas as imagens que ganharam repercussão aconteceram fora do campo; na entrada do vestiário, jogadores, membros das comissões técnicas e seguranças privados contratados para atuar na partida discutiram. No meio da confusão, o técnico do Dourados Atlético Clube, Mateus Sabatine, dá as costas para o grupo e é acertado na cabeça com um golpe de cacetete.

No vídeo é possível ver o treinador no chão, amparado por jogadores. (Imagens acima)

Ele precisou esperar uma equipe do Corpo de Bombeiros ser chamada porque a ambulância disponível para a partida já não estava mais no estádio quando a confusão aconteceu. A Polícia Militar também não estava mais no Carecão.

Mateus Sabatine foi atendido no Hospital de Caarapó e levou cinco pontos. No domingo (18) ele passou por exame de corpo de delito em Dourados, cidade em que também registrou um boletim de ocorrência.

Sem B.O

Técnico do Dourados Atlético Clube, Mateus Sabatine, mostra ferimento na cabeça (Foto: Thalyta Andrade)

Para a reportagem o técnico Mateus Sabatine contou sua versão da confusão e relatou não ter conseguido registrar boletim de ocorrência em Caarapó, por isso, voltou para Dourados e só então, falou com a polícia.

Segundo Mateus, tudo começou porque um dos atletas do Operário levou três cartões e estava fora da grande final. Nas palavras dele, durante todo o tempo tentava apenas apartar a briga, mas, ainda assim, foi tratado de forma truculenta pelo segurança da partida. A agressão ocorreu logo depois que ele mostrou para o presidente do time de Caarapó que o treinador dele estava sendo agredido.

“Nisso o segurança já veio questionando comigo, aí eu viro e falo “sai sai sai pra lá”, dizendo que não quero confusão, que tava saindo. Ai pelas costas ele me agrediu covardemente”.

Técnico Mateus Sabatine

Mateus também revelou que quando saiu do hospital, foi para a delegacia da cidade, mas não conseguiu entrar, porque os jogadores do Operário Caarapoense e funcionários da empresa de segurança estavam na unidade.

O segurança denunciou Mateus por injuria racial, mas ele não conseguiu registrar sua versão.

“Ele fala agora que eu agredi ele né, que falei palavras como “seu macaco, seu negro” coisas assim que ele disse em depoimento. E disse que como eu estava agredindo ele, ele queria se afastar de mim com o cacetete, mas é tudo mentira. E isso que dói, isso que fere a gente entendeu”.

Técnico Mateus Sabatine

Em resposta, Paula Ribeiro, delegada regional de Fátima do Sul, que responde por Caarapó, explicou que em casos de agressão, a prioridade é que a vítima receba atendimento médico. Não há necessidade de permanecer na delegacia, visto que o bem-estar é o mais importante. Por isso, Mateus não precisou esperar.

Ela alegou também que a Polícia Civil têm uma parceria com o hospital e por isso, o laudo do exame de corpo de delito pode ser realizado no atendimento médico.

treinador dourados mateus
Treinador nega ter ofendido o vigilante (Foto: Thalyta Andrade)

O outro lado

Na delegacia, o vigilante da empresa de Caarapó Segurança Privada afirmou ter sido chamado de “macaco” pelo treinador, além de ser agredido no pescoço.

Em nota, a empresa afirmou não tolerar “qualquer forma de discriminação”, assim como “atitudes que extrapolem os limites legais e profissionais”.

“Durante a partida, houve um conflito entre jogadores no campo que se estendeu até os vestiários. Em conformidade com os protocolos de segurança, nossos vigilantes intervieram para conter a situação, empregando o uso progressivo da força, incluindo o uso de spray de pimenta, uma medida destinada a garantir a segurança de todos os presentes.
Infelizmente, durante essa intervenção, um de nossos vigilantes foi alvo de uma injúria racial proferida pelo Treinador do time de Dourados. Em um momento de tensão, o vigilante teria reagido a essa agressão desferindo um golpe com o cacetete”.

A Caarapó Segurança Privada reforçou em nota que ajudará a investigação policial e que também fará uma apuração interna sobre o ocorrido.

O que dizem os clubes?

A diretoria do Operário Caarapoense repudiou ato de violência e também de racismo e discriminação. “Tais condutas são incompatíveis com os valores e história do nosso clube e nossa gente. A violência, intolerância, a discriminação e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade”.

Já a direção do Dourados Atlético Clube classificou a agressão como covarde, reforçou que não houve nenhuma situação de injúria racial por parte do técnico e informou que repudia qualquer tipo de violência, apontando a situação como triste e lamentável.

A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul também se manifestou. Em nota disse que a responsabilidade da organização, planejamento e segurança da partida era do time de Caarapó, que lamenta o ocorrido e vai encaminhar os fatos para o Tribunal de Justiça Desportiva, para que sejam tomadas providências cabíveis.

(Colaboraram: Renata Barros e Moara Ribeiro)





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