Alvo da Operação Falso Profeta, o pastor Ulisses Batista, conhecido como “Veio Ulisses”, líder religioso de uma igreja, do Bairro Pedra 90, em Cuiabá, é apontado como o líder do esquema que obrigava proprietários de distribuidoras de água a comprarem os produtos da facção e a pagarem uma taxa de R$ 1 por cada galão vendido.
Os lucros obtidos com a extorsão eram enviados diretamente ao Rio de Janeiro, onde o pastor está escondido, segundo a polícia.
A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (20), pela Polícia Civil de Mato Grosso.
O pastor está foragido no Rio de Janeiro. Segundo as investigações, iniciadas em novembro de 2024, ele é apontado como o idealizador, mentor e criador do Projeto Água 20LT, gerido pelo Comando Vermelho em Mato Grosso.
A operação chegava a comercializar 1,5 milhão de galões de água mineral por mês.
A informação foi divulgada durante coletiva de imprensa sobre a Operação Falso Profeta, deflagrada pela Polícia Civil de Mato Grosso, na manhã desta quinta-feira (20).
De acordo com o delegado Rodrigo Azem, a facção possuía um caminhão próprio para distribuir a água e uma empresa de fachada para lavar o dinheiro obtido com a extorsão. Os lucros eram enviados diretamente ao Rio de Janeiro, onde o pastor líder do esquema está escondido.
A quadrilha usava um grupo de WhatsApp para monitorar as distribuidoras de água. A abordagem começava de forma amigável, mas evoluía para ameaças e extorsão, com integrantes da facção indo pessoalmente até os comerciantes para impor as regras.
Segundo o delegado, as vítimas são comerciantes situados em Cuiabá e Várzea Grande. Ao todo, já são contabilizadas 11 vítimas, mas o número pode ser ainda maior.
“Soldados do crime, que a gente denomina que são aquelas pessoas frente e voz do Comando Vermelho, que vão diretamente aos comerciantes cobrarem o pagamento dessa taxa e a ameaçar com represálias. Nós já tivemos há pouco tempo o histórico lá em Paranatinga, Não tivemos nenhuma represália concretizada aqui, mas nós já vimos a capacidade que esses criminosos agem, caso seja descumprida alguma ordem deles”, ressalta o delegado.
Incêndio de Paranatinga
Como exemplo das ameaças feitas, Azem citou o caso recente de um incêndio que destruiu uma loja de utilidades em Paranatinga, a 411 km da capital, que foi uma represália da facção criminosa, ordenada após o dono da loja se recusar a pagar extorsões exigidas pelo grupo.
O crime teria sido planejado por um casal de integrantes da organização, que ameaçou comerciantes da região central de Paranatinga. No último sábado (15), um chefe de facção criminosa, apontado como o principal mandante, foi preso em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
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Chefe de facção que ordenou incêndio em loja de Paranatinga é preso
Operação Falso Profeta
A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (20), pela Polícia Civil de Mato Grosso.
A operação cumpre 30 ordens judiciais, dentre eles: 7 mandados de prisão preventiva, 9 mandados de busca e apreensão; bloqueio de contas bancárias com valores que podem chegar a R$ 1,5 milhão; e sequestro de veículos e proibição de atuação econômica para empresas ligadas à facção.
As ações ocorrem simultaneamente em Cuiabá, Várzea Grande e no Rio de Janeiro, dentro da estratégia do Programa Tolerância Zero, do Governo do Estado.
Operação Aqua Ilícita
O grupo também é alvo de outra operação em andamento. Aqua Ilícita, deflagrada nesta quinta-feira (20) pelo Gaeco, investiga a organização criminosa por extorquir comerciantes de água mineral em Mato Grosso.
A quadrilha agia impondo altos preços e exigindo pagamentos para permitir que empresários atuassem no setor, sob ameaça e controle econômico, o que também encarecia o produto para os consumidores.
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Falso profeta: pastor ligado a facção criminosa é alvo de operação em Cuiabá e Várzea Grande