Pecuaristas se posicionam sobre suspensão do Carrefour de compra de carne do Mercosul


Representantes do setor agropecuário de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se manifestaram contra o anúncio do Carrefour em suspender a compra de carne produzida no Brasil e nos outros países do Mercosul para comercialização nas lojas francesas.

A medida, segundo a rede francesa de varejo, busca atender a reivindicação dos produtores rurais franceses, que querem evitar a concorrência com a produção de outros países.

Alexandre Bompard, CEO do Carrefour Global. (Getty Images)

Em Mato Grosso, a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso) emitiu nota de repúdio, na qual afirma que o pronunciamento do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, desconsidera, de maneira infundada e desrespeitosa, o compromisso da pecuária brasileira com a sustentabilidade e a excelência produtiva.

Ainda segundo a Famato, a justificativa de suposta preocupação com padrões de qualidade e sustentabilidade desvirtua a realidade do setor agropecuário nacional, reconhecido mundialmente por sua eficiência, capacidade de atender exigências ambientais rigorosas e por ser referência no uso de tecnologias de baixo impacto ambiental.

“Ao associar a produção brasileira a critérios inverídicos, o Carrefour não apenas promove desinformação, mas também fere a soberania brasileira e ignora a importância do Brasil como fornecedor estratégico de alimentos ao mundo”, diz trecho da nota.

Em Mato Grosso do Sul, a Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) afirma que o embargo é ato meramente ideológico e mercadológico, não possui qualquer motivo razoável para impor tais restrições à carne produzida no Mercosul. 

A Acrissul reforça, portanto, o compromisso do agro brasileiro com a qualidade, sanidade e sustentabilidade dos alimentos, fatores que têm sido considerados pelo mercado global para comprar e consumir a carne brasileira, o que atesta a sua qualidade.

Já a Nelore (MS), destacou que, de acordo com o site Farmnews, na tabela do Comex (comércio exterior) a França comprou, entre janeiro e outubro de 2024, menos de 40 toneladas de carne bovina in natura do Brasil, o que representa 0,002% do total embarcado pelo país no período, de 1,41 milhão de toneladas.

Porém, a União Europeia tem uma importância maior para a exportação de carne bovina do Brasil, apesar de ainda modesta, participando com cerca de 2,2% dos embarques do país na parcial de 2024, até outubro.

Isso demonstra que, mesmo com a insignificância da exportação francesa, essa declaração atinge a moral do produtor rural brasileiro, fazendo que outras empresas possam questionar a qualidade da proteína produzida aqui, segundo a Nelore.

O Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) também se manifestou e reiterou a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais.

Ainda segundo o órgão, o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor.

O país apresentou à União Europeia propostas de modelos eletrônicos que contemplam as etapas iniciais do Regulamento de Desmatamento da União Europeia, demonstrando compromisso com uma produção rastreável e transparente, sendo que os modelos privados de rastreabilidade são amplamente reconhecidos e aprovados pelos mercados europeus.

Rebanho; bovinos (Foto: iStock)
Rebanho bovino. (Foto: iStock)

Entenda a discussão

Nessa quarta-feira (20), o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, divulgou um comunicado em suas redes sociais afirmando que gigante francesa do varejo assumiu o “compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”.

A carta de Bompard foi endereçada a Arnaud Rousseau, presidente do sindicato francês FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores), e publicada durante o 3º dia consecutivo de protestos de agricultores franceses contra acordo da União Europeia com o Mercosul.

O CEO disse que a decisão foi tomada após a companhia ouvir “o desespero e a indignação dos agricultores” franceses contra o tratado.

“No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer”, disse Bompard.

No mesmo dia, o Grupo Carrefour Brasil disse que a medida em “nada muda nas operações no país”, e que os supermercados do grupo em território nacional vão continuar comprando carne de frigoríficos brasileiros.

Na quinta-feira (21), o Carrefour global explicou que a paralisação das compras de carnes do Mercosul acontecerá apenas nas lojas francesas. E afirmou que “em nenhum momento” se referiu à qualidade do produto do Mercosul e que está atendendo “uma demanda do setor agrícola francês” que está em um “momento de crise”.

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