Após ser presa temporariamente na última sexta-feira (31) por suspeita de envenenar familiares com um baião-de-dois, Maria dos Aflitos confessou à polícia ter matado a vizinha, Maria Jocilene da Silva, com um café também contaminado. Ela afirmou também que estava “cega de amor” pelo marido, Francisco de Assis Pereira da Costa, também suspeito de participação nos envenenamentos.
Em depoimento ao qual a CNN teve acesso na íntegra, Maria relatou ter planejado a morte de Jocilene com a intenção de fazer parecer que ela havia cometido suicídio, uma estratégia para incriminar a vizinha pelos envenenamentos e, assim, manipular a investigação. O caso foi revelado no primeiro dia do ano, quando nove pessoas consumiram um baião de dois envenenado.
Durante o depoimento, Maria dos Aflitos revelou que agiu movida pelo desejo de libertar seu marido, preso por suspeita de envolvimento nas mortes dos familiares. “Eu estava cega de amor por Assis. E eu não estava acreditando. Eu não estava acreditando que tinha sido ele. Para ‘mim’, ter ele [sic] de volta, poderia acontecer o mesmo caso, que foi o caso da Joyce [Jocilene]”, disse Maria.
Na conversa, o delegado Abimael Silva relacionou o plano de Maria dos Aflitos com o primeiro caso de envenenamento na família, em agosto de 2024.
– Então, a senhora achou que, com a Joyce sendo envenenada, ele [Francisco] iria voltar, assim como a Lucélia saiu da cadeia também? Foi isso?
– Foi, responde Maria.
Em janeiro de 2025, Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos, foi solta pela Justiça do Piauí após ter ficado presa desde agosto do ano passado, acusada de envenenar os irmãos Ulisses e João Miguel Silva, de 8 e 7 anos, em Parnaíba.
A decisão ocorreu após a divulgação de um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), que, cinco meses após as mortes, concluiu que não havia veneno nos cajus oferecidos por Lucélia às crianças. Os meninos morreram após comerem os cajus, o que inicialmente levou as autoridades a suspeitarem dela como responsável pelo envenenamento.
No depoimento, Maria dos Aflitos confirma ao delegado que acredita que Francisco seja o autor dos dois primeiros casos de envenenamento na família. Ao ser questionada sobre a motivação dos envenenamentos, Maria justificou a atitude de Francisco, dizendo que ele queria apenas ficar com ela, desconsiderando os filhos e netos. “Ele queria só nós dois. Eu estava tão cega que não via o que ele fazia com meus meninos. Via e fazia que não via, de tão cega de amor por ele”, revelou.
Apontado como o principal suspeito dos dois crimes, Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso no dia 8 de janeiro, após a polícia identificar contradições nas suas declarações e encontrar evidências de que ele teria agido com indiferença em relação às vítimas.
Além de Maria Jocilene, as outras vítimas fatais são: Maria Gabriela (4 anos, filha de Francisca e neta de Maria dos Aflitos), Manoel da Silva (18 anos, enteado de Francisco, irmão de Francisca e filho de Maria dos Aflitos), Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses, filho de Francisca e neto de Maria dos Aflitos), Maria Lauane (3 anos, filha de Francisca e Neta de Maria dos Aflitos) e Francisca Maria (32 anos, enteada de Francisco, irmã de Manoel e filha de Maria dos Aflitos).
Agora, a polícia investiga se, além da morte de Jocilene, Maria foi cúmplice dos crimes cometidos pelo marido, embora ela negue participação direta no envenenamento de seus próprios filhos e netos.