Cerca de 270 famílias que viviam em um acampamento do MST (Movimento Sem Terra), às margens da MS-379, em Dourados, foram retiradas do local após ação do Batalhão de Choque. O caso aconteceu na manhã deste domingo (27), em uma área que pertence a um frigorífico.
De acordo com nota publicada pelo MST, a ação aconteceu “sem mandado judicial e de forma truculenta”, uma vez que foram utilizadas pelos militares bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar as famílias que viviam no local.
“Após a ocupação, drones sobrevoaram a área e somente ontem [sábado (26)], a polícia já havia feito três idas ao acampamento, alegando ser ordem do Batalhão de Campo Grande (MS) e que viria a liminar de despejo hoje. Porém, durante a madrugada a polícia fechou a rodovia que liga o acampamento à cidade, não deixando acesso de entrada nem de saída das famílias ocupantes”, alega em nota.
Ainda conforme o comunicado, mesmo após a contestação das famílias quanto à falta de apresentação do mandado judicial, a ação continuou e houve a derrubada dos barracos.
-
Brasil registra alta nos conflitos por terra e água em 2024, aponta relatório da CPT
-
Após 10 horas de bloqueio, grupo do MST libera trecho da BR-262
-
Congestionamento quilométrico: cresce pontos de bloqueio do MST em MS
“A ocupação é uma ampliação do Acampamento Esperança, onde 270 famílias do MST vivem há cerca de dois anos, na beira da rodovia MS-379, onde as famílias denunciam o despejo ilegal, arbitrário, injusto e repressivo, onde barracos foram destruídos, bem como as roças de subsistência das famílias do acampamento, já existente às margens da rodovia.
Dessa forma, repudiamos as constantes violências sofridas contra o acampamento já existente e pedimos urgência para que essas famílias possam ser assentadas. Apenas em 2024, a comunidade foi alvo de três incêndios e um ataque de pistoleiros”, finaliza a nota.

Por conta do ocorrido, a rodovia foi fechada pelos manifestantes, segundo nota, mas a PM (Polícia Militar) desmente a informação e afirma que a pista segue liberada para o fluxo de veículos. Representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) estão no local para mediar a situação.
Segundo informações apuradas pelo Primeira Página, o acampamento existe no local desde agosto de 2024, mas a invasão à propriedade privada só aconteceu neste sábado (26), quando houve o registro de um boletim de ocorrência por parte da empresa.
O Primeira Página procurou o Governo do Estado, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O frigorífico informou que não irá se manifestar sobre o assunto.