Barack Obama foi um dos presidentes americanos que mais souberam mobilizar eleitores democratas nas últimas décadas. Numa pesquisa do instituto Gallup em que cidadãos americanos avaliam o trabalho de ex-presidentes, Obama, com 63% de aprovação, é o 4º melhor colocado entre os últimos 11 ocupantes da Casa Branca. Donald Trump, em comparação, é o penúltimo da lista com 46%.
Já a ex-primeira dama Michelle Obama é uma advogada de sucesso que se tornou a autora mais lida do mundo quando lançou seu livro autobiográfico, Minha História (2018), segundo o ranking do jornal New York Times.
Juntos, os dois mantêm ainda a produtora Higher Ground, responsável por dezenas de obras em podcasts, livros e filmes — incluindo o documentário American Factory, ganhador do Oscar em 2020. E o potencial eleitoral da dupla foi um dos principais ativos usados na campanha de Joe Biden como cabeça de chapa na disputa pela Casa Branca há quatro anos.
Mas por que eles não retomam o protagonismo político numa renovada busca pela Presidência dos EUA?
Impeditivo constitucional
No caso de Barack Obama, a resposta é mais fácil. A constituição americana o impede de concorrer. A 22ª emenda afirma que nenhum político poderia ser eleito mais de duas vezes ao cargo mais alto da nação.
Como Barack já cumpriu dois mandatos (2009 a 2013 e 2013 a 2017), um terceiro período seria inconstitucional.
A situação se torna menos clara caso Barack optasse por ser candidato a vice numa chapa democrata. Não há um impeditivo constitucional direto, mas uma outra emenda afirma que ninguém que seja inelegível ao cargo de Presidente da República possa concorrer como vice. O que, na prática, também excluiria Obama do páreo.
Michelle: “não está na minha alma”
A ex-primeira dama não possui nenhuma barreira legal para se candidatar, mas tem afirmado reiteradamente que não tem qualquer interesse em ocupar um cargo político.
Numa pesquisa da Ipsos publicada no início de julho, Michelle Obama aparece como a única personalidade democrata capaz de derrotar Trump nas urnas. Ela conquistou 50% da preferência dos americanos contra os 39% registrados por Trump no cenário estimulado.
Ainda assim, não se sabe qual seria eu desempenho numa campanha. O nome dela nunca esteve em uma urna e Michelle ocupou poucos cargos na administração pública. Foi assistente jurídica da prefeitura de Chicago, onde também foi comissária do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento, em 1993. Como primeira dama, liderou uma ação de incentivo à alimentação saudável como estratégia de combate à obesidade infantil.
Questionada sobre a possibilidade de concorrer na chapa democrata, Michelle afirmou num comunicado enviado à emissora americana NBC que “já disse diversas vezes nos últimos anos que não vai concorrer à Presidência”. E, antes, num documentário produzido pela Netflix, ela afirmou que “a política é dura” e que, “as pessoas que entram nela… tem que querer. Precisa estar na sua alma, porque é muito importante. Não está na minha alma”.
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