Apesar da leve alta de 0,41% no valor pago ao produtor de leite em Mato Grosso, a cadeia produtiva do setor vive um cenário de instabilidade e pressão econômica.
Segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), o litro pago ao produtor fechou o último levantamento em R$ 2,26. No entanto, o preço do leite pasteurizado industrializado caiu 11,24% no mês, sendo comercializado a R$ 3,97 — uma das menores cotações dos últimos dois anos.
Essa disparidade entre os valores de venda da indústria e o custo da matéria-prima expõe a fragilidade do setor em Mato Grosso, que já enfrenta retração na produção.
Em 2024, a captação de leite no estado caiu 3,48% em comparação com o ano anterior, atingindo o menor volume desde 2006. A redução na produção é reflexo direto da saída de produtores da atividade, agravada por custos operacionais elevados e margens de lucro cada vez mais apertadas.
Os efeitos se estendem para a indústria de derivados. A muçarela, por exemplo, apresenta sinais de estagnação: o preço na indústria foi cotado em R$ 32,41/kg, com leve queda de 0,09% no mês. Mesmo com oscilações ao longo do último ano, o produto está longe de alcançar os picos de 2022, quando chegou a R$ 41,77/kg.
Nas prateleiras, o cenário não acompanha a queda
Apesar da redução de 11,24% no preço do leite pasteurizado pago pela indústria, o consumidor ainda encontra valores elevados no varejo. Supermercados em diferentes regiões de Mato Grosso mantêm preços próximos ou acima de R$ 5,00 por litro do leite, o que indica que o recuo na indústria ainda não chegou ao consumidor final.
Especialistas explicam que esse repasse costuma levar semanas, ou até meses, e pode ser comprometido por outros fatores da cadeia, como fretes, estoques anteriores e margens do comércio.
Perspectivas
Para os próximos meses, o cenário é incerto. A expectativa é de que a indústria possa manter os preços em níveis mais baixos temporariamente, mas a persistente redução da produção pode reverter essa tendência.
Caso os volumes captados sigam em queda, a pressão sobre o mercado pode levar a uma nova rodada de reajustes — tanto na indústria quanto no varejo.
Enquanto isso, produtores seguem buscando alternativas para manter a viabilidade da atividade, e o consumidor final observa com preocupação o sobe e desce nos preços do leite e seus derivados.
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