Procurador matou homem em situação de rua baseado apenas em descrição física, diz delegado


O delegado Edson Pick revelou, nesta sexta-feira (11), que o procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, atirou e matou Ney Muller Alves Pereira, um homem em situação de rua, com base apenas em características físicas repassadas por testemunhas.

Segundo a investigação, o servidor público não conhecia a vítima, morta a tiros na noite de quarta-feira (9), em uma avenida de Cuiabá. (Veja o vídeo abaixo).

Segundo o delegado, Luiz Eduardo não conhecia a vítima e decidiu atirar a partir de características físicas repassadas por testemunhas.

Segundo depoimento à polícia, o procurador estava jantando com a família em um posto de combustíveis quando ouviu reclamações de outros clientes sobre um homem que estaria depredando veículos no local.

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Após verificar que seu veículo havia sido danificado, Luiz retornou ao jantar, levou a família para casa e, em seguida, procurou uma guarnição da Polícia Militar no Shopping Três Américas. Como não encontrou atendimento, se dirigiu ao posto policial do bairro Boa Esperança para registrar a denúncia.

De acordo com seu depoimento, ao retornar para casa, ele se deparou com um homem que, segundo ele, apresentava as mesmas características físicas descritas pelas testemunhas. Embora não conhecesse a vítima, o procurador afirmou que a reconheceu com base nessas informações antes de atirar.

O procurador da ALMT, Luiz Eduardo Figueiredo, confessou ter matado Ney. Foto: Reprodução

“Agora ele vai responder a inquérito policial por homicídio qualificado, por motivo fútil, emboscada e traição (…). Eles não se conheciam. Ele reconheceu o Ney pelas características repassadas no posto de combustível onde estava jantando”, afirmou o delegado Edson Pick.

A Polícia Civil informou que vai ouvir testemunhas que estavam no posto para confirmar os relatos do procurador. Também será feita uma checagem junto à Polícia Militar para verificar se Luiz Eduardo, de fato, procurou apoio policial antes do assassinato.

O crime

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que Luiz Eduardo, em sua Land Rover, para o veículo e chama Ney, que ao se aproximar, é atingido pelo disparo fatal. Após o crime, Luiz Eduardo foge do local. (Veja o vídeo abaixo).

O procurador se apresentou à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no dia 10 de abril, acompanhado de seu advogado Rodrigo Pouso, confessou o crime e entregou a arma utilizada, além do veículo envolvido.

Ele passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (11) e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. O juiz João Bosco Soares da Silva determinou que ele fique preso na Penitenciária Major Eldo de Sá Corrêa, em Rondonópolis, a 220 km de Cuiabá.

O presidente da ALMT, deputado Max Russi, expressou indignação com o caso e prometeu que a Casa tomará “todas as providências” em relação ao procurador. Ele ressaltou que a ALMT não tolera esse tipo de conduta de nenhum funcionário.

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O crime ocorreu em uma rua lateral à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Testemunhas relataram que Luiz Eduardo chamou Ney pelo nome antes de atirar. A vítima foi atingida com um único tiro na cabeça e morreu no local.

Quem era a vítima

A mãe de Ney Müller, Iracema Alves, afirmou que o filho era diagnosticado com esquizofrenia e contestou a versão apresentada pela defesa do procurador.

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Iracema e o filho Ney Müller Alves Pereira – Foto: Arquivo pessoal

“Essa morte foi uma emboscada que ele armou para matar meu filho”, declarou Iracema ao Primeira Página. Ela contou que soube do assassinato por meio da filha, que viu a notícia em um telejornal local e entrou em contato.

Segundo a mãe, Ney levava uma vida normal quando estava medicado. Porém, no dia do crime, ele não havia tomado a medicação. Ela não quis informar o motivo da interrupção no tratamento.

“Ele era um doente mental. Quando tomava os remédios, andava bem vestido, cheiroso, tomava banho. Mas, quando surtava, ficava como estava naquele dia. Ele nunca foi abandonado, ele tinha família”, afirmou, emocionada.

Leia mais: defesa diz que procurador cometeu homicídio após ter carro de luxo danificado

O que diz a defesa

A defesa do procurador Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, feita pelo advogado Rodrigo Pouso, argumenta que o crime foi uma fatalidade, resultado de um incidente anterior em um posto de gasolina, onde a vítima teria danificado o carro do procurador.

Procurador
Procurador da Assembleia Legislativa está preso pela morte de morador de rua em Cuiabá depois que teve o carro danificado/ Foto: Reprodução

O advogado enfatiza que seu cliente é uma pessoa de boa índole, com histórico familiar e reputação social, e que se apresentou voluntariamente à polícia, confessando o ocorrido.

A defesa nega que o crime tenha sido uma execução premeditada, alegando que houve um encontro casual entre o procurador e a vítima, e que o disparo foi acidental, atingindo a vítima enquanto ela se abaixava para atacar o carro.

O advogado ressalta que seu cliente possui porte de arma, é trabalhador e está profundamente arrependido, comprometendo-se a cumprir as determinações legais.

Quem é o procurador que atirou?

Segundo o Portal da Transparência da ALMT, Luiz Eduardo passou no concurso público para procurador e assumiu o cargo como servidor efetivo em 2015, com jornada de 30 horas semanais de trabalho.

A remuneração mensal do procurador é de R$ 44 mil.

Em 2023, Luiz Eduardo e outros procuradores da ALMT receberam o título de cidadão mato-grossense, pelos trabalhos desenvolvidos em defesa do legislativo estadual e também da sociedade.



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