Alguns municípios produtores de soja enfrentam graves dificuldades devido às chuvas intensas que atingiram o estado nos últimos dias. Marcelândia, a 717 km de Cuiabá, é um dos municípios nessa condição.
De acordo com o produtor rural Diego Bertuol, as chuvas intensas impossibilitam a colheita de grãos prontos e dessecados, resultando em perdas significativas.
“O cenário é alarmante. Acumulamos mais de 400 milímetros de chuva nos últimos 15 dias. Alguns talhões dessecados há mais de 15 dias apresentam até 20% de grãos avariados e outros, com mais de 30% de umidade, enfrentam descontos superiores a 50% da carga”, relatou.
Em São José do Rio Claro, o agricultor Cleverson Bertamoni, relatou que as lavouras do médio norte estão em boas condições, porém o tempo de desenvolvimento da soja, atrasou.
“As lavouras estão bem carregadas, bem formadas, grãos aparecem com uma formação muito boa, porém a maioria das lavouras estão verdes ainda, não estão maturadas, mas a gente espera uma boa safra de soja, a esperança nossa é que dê uma boa produção, mas tudo isso que falam depende do tempo, se o tempo não colaborar e não der para entrar as máquinas em campo na hora certa, essa projeção não vai se confirmar”, disse.
Já na região leste, o produtor Lauri Jantsch, explicou que nas proximidades de Querência, a previsão é de que ocorra um número alto de avariados.
“Após 10 dias de chuvas consecutivas, no sábado abriu o sol e os produtores conseguiram retomar a colheita, pois os grãos estão bastante ruins, dando bastante avariada à soja. Na média, aqui na nossa região, está em torno de 20 a 25% de avariada a soja colhida após a chuva”, explicou.
Em Nobres, a 157 km da capital, um pacto entre a administração pública e agricultores, tenta salvar a safra. Na semana passada, várias estradas foram afetadas pelas enchentes e alguns pontos ficaram intransitáveis.
De acordo com o subprefeito do Distrito de Bom Jardim, Francisco Libério, pontos críticos das estradas, onde o acúmulo de água forma lama e pode impedir a passagem dos caminhões estão recebendo cascalho para amenizar a situação.
“Nos pontos emergenciais, estamos colocando cascalho para que, quando começar a colheita, os caminhões consigam passar. Nesse período de chuvas é complicado arrumar estradas, mas o pontos emergenciais estamos fazendo um trabalho paliativo para evitar perda de safra”, comentou o subprefeito.
No entanto, a realidade de Nobres não é a mesma que outros municípios que já estão com a safra comprometida por falta de estradas para escoamento.
O vice-presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Luiz Pedro Bier, explica que além das perdas na qualidade dos grãos, os produtores enfrentam dificuldades logísticas agravadas pelo período chuvoso. Segundo ele, estradas não pavimentadas, amplamente utilizadas para o transporte de grãos, estão em condições críticas, dificultando ainda mais o escoamento da produção.
O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) aponta que já há atraso na colheita. Até o momento, apenas 1,41% da área plantada foi colhida, o que representa uma queda de 11,41% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Para a Aprosoja, esse atraso também compromete a janela ideal para o plantio do milho, gerando ainda mais preocupação entre os produtores. A entidade acompanha a situação das áreas mais afetadas.
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