Professora: Turquia sai mais forte após a queda do regime de Assad na Síria


A queda do regime de Bashar al-Assad na Síria trouxe uma nova dinâmica para o cenário geopolítico do Oriente Médio, com a Turquia emergindo como um dos principais beneficiários dessa mudança. Essa é a análise da professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, em entrevista à CNN Brasil.

Segundo Holzhacker, a Turquia, que apoiava grupos rebeldes contrários a Assad, sai fortalecida após a derrubada do ditador sírio. “A Turquia sai mais forte nessa posição e por isso todo mundo está olhando para a Turquia para saber como que ela vai influenciar essa nova fase”, afirmou a especialista.

Incertezas e preocupações

A professora ressaltou que o cenário atual é de muitas incertezas, tanto do ponto de vista interno da Síria quanto regional. Há preocupações sobre como o novo governo irá lidar com as minorias e se haverá uma implementação estrita da lei islâmica, como ocorreu no Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã.

“A preocupação, primeira, é sobre como esse governo vai reagir frente a essas minorias, como vai também estabelecer a questão da própria lógica religiosa”, explicou Holzhacker.

Enfraquecimento de Rússia e Irã

No contexto geopolítico, a especialista destacou que Rússia e Irã saem enfraquecidos com a queda de Assad, seu aliado na região. A Rússia, em particular, perde importantes bases naval e aérea na Síria, diminuindo sua capacidade de ação no Oriente Médio.

Holzhacker alertou, no entanto, que o presidente russo Vladimir Putin pode reagir de forma mais agressiva em momentos de percepção de enfraquecimento. “Em geral ele tende a ter aí movimentos mais ofensivos nesses momentos de enfraquecimento”, observou.

Ameaça do Estado Islâmico

A possível reorganização do Estado Islâmico na Síria também foi abordada durante a entrevista. A professora expressou preocupação com a possibilidade de o grupo extremista aproveitar o vácuo de poder para ganhar força novamente.

“A gente precisa ficar bastante preocupada. Essa é uma das, acho que, das preocupações centrais do governo americano, porque como funciona em rede, pode acionar outras em outras regiões também se sentindo forte”, concluiu Holzhacker, ressaltando a importância de monitorar a situação para evitar uma maior desestabilização do Oriente Médio.

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