Protestos no Paquistão: Milhares fazem manifestações contra o governo; entenda

CNN Brasil


Milhares de apoiadores de Imran Khan, ex-primeiro-ministro do Paquistão, que atualmente está preso, romperam barricadas ao redor da capital Islamabad na terça-feira (26).

O grupo que marchava para a cidade, exigindo a libertação de Khan, entrou em confronto com as forças de segurança.

Segundo o chefe da polícia da capital, cerca de mil pessoas foram presas.

Enquanto iam em direção a uma praça próxima ao Parlamento, os manifestantes estavam armados com barras de aço, estilingues e pedaços de madeiras, além de terem ateado fogo em árvores e na grama.

Testemunhas disseram que ouviram tiros ao redor dos protestos, embora não estivesse claro quem era o responsável pelos disparos.

Além da libertação de Khan, os manifestantes também pedem a renúncia do atual governo.

Após o ex-premiê pedir que seus apoiadores marchassem até o Parlamento, as autoridades impuseram cortes de internet e bloqueios nas principais estradas que levam à capital.

O ministro do Interior do Paquistão, Mohsin Naqvi, havia dito a repórteres que os manifestantes poderiam permanecer nos arredores, mas ameaçou medidas extremas se eles entrassem na cidade.

Os protestos mais recentes ocorreram quando o Paquistão reforçou a segurança para uma visita oficial do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, que chegou à capital na segunda-feira (25) para três dias de negociações com o atual primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif.

Apoiadores de Imran Khan • CNN Newsource

O que está acontecendo?

Os manifestantes planejavam realizar um protesto em D-Chowk, uma praça perto do Parlamento do país.

Os apoiadores do ex-líder são comandados por Bushra Bibi, esposa de Khan, e o ministro-chefe de uma província no noroeste do país — onde o partido do ex-primeiro-ministro continua no poder.

Como parte de uma “longa marcha”, um comboio de veículos transportando manifestantes partiu da cidade de Peshawar no domingo (23), com o objetivo de chegar à capital, Islamabad, que fica a cerca de 180 km de distância do local de partida.

Os manifestantes chegaram nos arredores da cidade na segunda-feira (25), desafiando um bloqueio de segurança de dois dias e uma proibição de comícios.

Ao longo do caminho, a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e bloqueou estradas com contêineres para impedi-los de passar.

Segundo a Reuters, 22 veículos policiais foram incendiados nos arredores da capital e em outros lugares na província de Punjab, a mais populosa do país.

Os médicos do Instituto de Ciências Médicas do Paquistão informaram à CNN que cinco pessoas morreram, incluindo quatro agentes de segurança e um civil.

Várias fontes disseram à CNN que as mortes foram em decorrência de um atropelamento durante os protestos.

Na terça-feira (26), os manifestantes violaram os limites da cidade e uma grande multidão estava marchando pelo “Ponto Zero”, um cruzamento na cidade.

O comboio então seguiu para a “zona azul”, distrito comercial e empresarial da capital, antes de chegar a D-Chowk.

Do lado de fora do Parlamento, que une a Suprema Corte e o secretariado, soldados paquistaneses ficaram em frente dos principais prédios governamentais.

Por que eles estão protestando?

Além de exigir a libertação do ex-primeiro-ministro Imran Khan e de outros prisioneiros políticos, os manifestantes também querem a anulação de uma nova emenda constitucional, que aumentou o poder do governo de selecionar juízes da corte superior para ouvir casos políticos.

Os apoiadores de Khan também acreditam que as eleições de fevereiro não foram livres e justas, chamando-as de “mandato roubado”.

Imran Khan foi deposto em um voto de desconfiança parlamentar em 2022 e desde então lidera uma campanha popular contra o atual governo, liderado pelo primeiro-ministro Sharif, acusando-o de conspirar com os militares para tirá-lo do cargo.

Khan é ex-jogador de críquete, se tornou político e está preso há mais de um ano.

Ele enfrenta dezenas de processos criminais que vão desde corrupção a vazamento de segredos do Estado. O ex-líder paquistanês e seu partido negam todas as acusações.

Apesar da prisão, Khan e o PTI — o maior partido de oposição do país — continuam populares, o que inflamou um confronto já tenso entre os apoiadores e os militares do país.

Os protestos acontecem em um momento delicado para o Paquistão, que viu uma onda de violência sectária e ataques de separatistas que mataram dezenas de pessoas nos últimos meses.

Manifestante tenta repelir bombas de gás lacrimogêneo disparadas por policiais de choque no Paquistão • Via CNN Newsource

Os protestos vão continuar?

Naqvi, ministro do interior do Paquistão, afirmou que forças de segurança sofreram ferimentos de bala, mas que a polícia estava “mostrando contenção” com os manifestantes.

Ele ainda alertou que, se os manifestantes cruzassem a linha, os soldados estavam autorizados a atirar de volta, e que ele poderia tomar medidas extras, incluindo um toque de recolher ou mobilizar os militares.

“Os guardas podem abrir fogo e não haverá manifestantes lá depois de cinco minutos”, disse Naqvi.“Qualquer um que chegar aqui será preso”.

O partido do ex-premiê acusa o governo de usar força excessiva, alegando que “balas foram disparadas contra manifestantes” descritos como “pacíficos”.

O PTI também afirma que cerca de 24 pessoas ficaram feridas.

Nos últimos dias, milhares de apoiadores de Khan foram presos em Punjab e Khyber Pakhtunkhwa, enquanto autoridades tentavam impedir a marcha dos protestos.

O líder sênior do partido, Kamran Bangash, declarou que os manifestantes estavam “determinados e chegaremos a Islamabad”, e acrescentou que “superaremos todos os obstáculos um por um”.

Escolas da capital e região ficaram fechadas na segunda e na terça-feira.

De acordo com autoridades e testemunhas, todo o transporte público entre cidades e terminais foram fechados.

A CNN não pôde verificar de forma independente os relatos de nenhum dos lados e os apagões de internet agravaram os problemas de comunicação.

*Com informações da Reuters



Fonte do Texto

VEJA MAIS

“Futura criminalista“: quem é a estudante presa durante apresentação de TCC

A estudante Pabla Melo Klauss, de 29 anos, foi presa enquanto apresentava seu Trabalho de…

como um santo católico influenciou o surgimento da famosa figura natalina

Vestido de vermelho e com um saco de presentes, o bom velhinho entra pelas chaminés…

Rússia alerta contra possível envio de armas nucleares à Ucrânia: “insanidade“

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse nesta quarta-feira (27) que uma que repercutiu…