O presidente russo Vladimir Putin confirmou à CNN Brasil que não irá à cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro em novembro.
Putin é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra durante a operação russa na Ucrânia. O Brasil é signatário do Tratado de Roma, e seria obrigado a respeitar a decisão do TPI e prender o líder russo no momento em que ele chegasse ao solo brasileiro.
O procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin, inclusive, fez um apelo na semana passada para que o Brasil prendesse Vladimir Putin caso ele viesse ao encontro.
“Tenho uma relação amigável com lula. Eu iria lá de propósito para violar a decisão e arruinar a cúpula? Não. O governo russo terá um representante na cúpula”, disse Putin.
Ainda assim, Vladimir Putin afirma que seria possível desenvolver soluções diplomáticas para evitar qualquer prisão do líder russo a partir de um acordo formal entre os dois governos. E questionou a legitimidade do Tribunal, criado em 2002.
“O respeito por uma entidade que não é universal ou independente é muito baixo”, avaliou.
A CNN Brasil foi o único veículo de imprensa das Américas presente no encontro com o líder russo.
A entrevista ocorre nas vésperas da cúpula dos Brics, que ocorre em Kazan, na Rússia.
Ainda durante a entrevista, Putin avaliou que os países dos Brics devem crescer mais rápido do que os do G7. E que os Brics assumirão um papel cada vez maior no comércio global.
“O mercado internacional não pode sobreviver sem os Brics, inclusive em tecnologia, como a inteligência Artificial. Essa é a mudança mais tangível. Isso é natural. O mundo muda sempre. Os novos líderes emergem”, disse Putin.
“O Brics não é contra ninguém. O Brics não é um grupo antiocidente. É apenas um grupo não-ocidental”, afirmou o líder russo.
Segundo Putin, mais de 30 países demonstraram interesse em se aliar ao bloco. Para a atual presidência rotativa do bloco, a ampliação seria bem-vinda, desde que guiada por princípios pré-acordados.
“Atualmente, estamos trabalhando em uma nova categoria de ‘Parceiros dos Brics’. Precisamos de um consenso: seremos muito cuidadosos ao sermos guiados por dois princípios. primeiro, multilateralismo. em segundo, a eficiência da organização. Ao expandir o numero de países, não deveríamos perder a agilidade do bloco. É isso que guiará nossos próximos passos”, disse.
Cúpula dos Brics
A próxima Cúpula dos Brics, bloco que reúne países emergentes, incluindo o Brasil, será realizada entre os dias 22 e 24 de outubro, em Kazan, na Rússia.
O país comandado por Vladimir Putin é o atual presidente do bloco.
De acordo com o Itamaraty, os avanços nas negociações para adotar uma moeda alternativa ao dólar nas trocas comerciais entre os integrantes do bloco e a criação de uma categoria de “países parceiros” devem ser discutidas no encontro.
Assuntos como a guerra no Oriente Médio também devem ser abordados. Entretanto, o conflito na Ucrânia não estava na pauta.
A Cúpula deste ano será a primeira a contar com a presença dos novos integrantes permanentes, admitidos em 2023: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia.